Jovens não têm vez no mercado japonês Kenichi Horie tinha uma carreira promissora como engenheiro automobilístico. Aos 32 anos, trabalhava em uma grande montadora de automóveis e estava sendo elogiado por seu desempenho. Mas sua situação era irregular, com menos segurança e metade do salário dos funcionários “regulares”.
Depois de dez anos tentando mudar sua situação, Kenichi Horie pediu demissão e foi para Taiwan estudar chinês.
– As empresas japonesas estão desperdiçando os mais jovens para proteger os mais velhos. No Japão, as portas se fecharam para mim. Em Taiwan, meu currículo é perfeito – diz.
Atualmente, apenas 56% dos universitários recebem ofertas de emprego antes de se formarem. O professor de sociologia da Universidade de Akita, Manabu Shimasawa, analisa a situação.
– O Japão apresenta a maior desigualdade entre gerações do mundo. O país perdeu a vitalidade porque os profissionais mais velhos não querem sair do mercado para permitir que os jovens tenham oportunidade de crescer – afirma.
Algumas corporações admitem jovens recém-formados para cargos mal-remunerados e sem perspectivas de crescimento. A jovem historiadora Kyoko Furuya, se formou em 2004 e ainda não conseguiu um emprego formal. Até hoje, só teve seis oportunidades de trabalhos temporários, de três a seis meses de duração.
Segundo o Ministério do Comércio japonês, em 2002, apenas 9% dos empresários do pais tinham menos de 27 anos, em comparação com 25% nos Estados Unidos.
Sociólogos afirmam que as gerações mais novas jamais receberão o nível de benefícios dos aposentados de hoje.
Cálculos mostram que uma criança nascida hoje receberá até 1,2 milhão de dólares a menos de pensão, assistência médica e outros benefícios durante a vida.