Para ajudar, voluntários abandonam a família Os integrantes da K-9 de Creixell não pertencem a nenhuma organização militar. O presidente, Pedro Frutos, de 50 anos, por exemplo, trabalha como jardineiro.
– Temos nossas profissões, que dividimos com o treinamento diário dos nossos cães – disse ele, nascido em Creixell.
Único do grupo com envolvimento com forças militares, o aposentado Francisco Castaño, de 46 anos, é instrutor de resgate da polícia espanhola.
Segundo ele, nada lhe dá mais prazer do que descobrir um sobrevivente no meio dos escombros ou soterrado.
– É uma forma de usar nosso conhecimento, fruto de muita prática, para ajudar o próximo em momentos como este. Não é um emprego, nosso pagamento é encostar a cabeça no traves seiro e sentir-se gratificado.
Crupiê em um cassino na cidade de Póvoa do Varzim, o português do grupo, Paulo Leite, de 38 anos, comentou a participação da equipe no resgate de corpos em Teresópolis, aonde chegaram no último dia 15.
– Foram muitos cadáveres.
Temos por hábito não contabilizar, mas a todo momento encontrávamos novos corpos soterrados – contou o luso. – Situação parecida, encontramos na Ilha do Leite, nas Filipinas.
Pr ejuízos Como a maior parte de suas viagens é custeada por doadores, Pedro Frutos afirmou que o grande prejuízo de seu “hobby” é ficar longe da família.
– Eles me apoiam integralmente, mas a saudade é absurda. Já fiquei mais de uma mês sem dar notícia – lembrou ele, pai de três filhos e casado com uma psicóloga da ONG que viaja para zonas de tragédia, mas não veio ao Brasil.
Com dois filhos de 2 e 6 anos, Pailo Leite lembrou que quando decide ajudar um local de catástrofe, “nem sempre a notícia é bem digerida” pela esposa.
– Ela fica muito brava e nervosa. Mas sempre me recebe cheia de amores no aeroporto.
Aposentadoria Sem pensar em pendurar as chuteiras, o grupo lamenta ter que aposentar Vip, pastor alemão que há quase dez anos os acompanha: – É pena. Já trabalhou do Haiti ao Paquistão, em pelo menos 12 ações – recordou Frutos.