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Passaporte para o tédio

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É inacreditável que o responsável por um dos melhores filmes da década tenha dirigido algo tão insípido, superficial e falso como O turista . A única explicação plausível é que o diretor alemão Florian Henkel von Donnersmarck, autor de A vida dos outros (2006), tenha se sentido profundamente intimidado pela magnitude dos nomes ligados ao projeto, Angelina Jolie e Johnny Depp. Absolutamente cientes de seu status de celebridade cinematográfica, e livres de uma mão firme que os guiasse pelos meandros do que supostamente seria um thriller construído em torno de personagens ambíguos, os dois parecem apenas desfilar versões de suas personas públicas por locações sugeridas por um guia de turismo muito do preguiçoso.

Refilmagem de uma produção francesa de pouca circulação, estrelada por Sophie Marceau, O turista prefere admirar seus protagonistas a oferecer um filme consistente ou, Divulgação no mínimo, uma diversão digna. O ponto de partida é o mesmo: instruída pelo ex-amante, criminoso procurado pela polícia e pela máfia russa, mulher misteriosa pega um trem em Paris em direção a Veneza e seduz um dos passageiros para confundir assim os perseguidores dele. A versão de Donnersmarck, no entanto, carece do ritmo apropriado ao gênero que resolveu abraçar e de química entre seus intérpretes.

O filme oscila entre momentos em que Depp e Angelina tentam nos convencer de que se amam (embora não sejam de mundos completamente diferentes) e sequências de ação sem qualquer noção de excitação e energia. De seu lado, Depp e Jolie oferecem o mais do mesmo: apesar do figurino de um reles professor de matemática, ele encarna uma variação de seus tipos cool; ela, por sua vez, capricha nas caras e bocas do mulherão inatingível. Ambos funcionam como peças de uma paisagem de uma viagem de férias das mais aborrecedoras.