ASSINE
search button

Primeira cúpula entre Putin e Trump será celebrada em terceiro país

Compartilhar

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Donald Trump, vão se reunir em um terceiro país, anunciou nesta quarta-feira (27) o Kremlin, após uma reunião entre o chefe de Estado russo e o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton.

"O que eu posso dizer é que chegamos a um acordo para realizar uma cúpula. Já acertamos a data e o local", que serão anunciados na quinta-feira, indicou à imprensa russa o conselheiro do Kremlin Yuri Ushakov.

Este encontro cara a cara será realizado em "um terceiro país", "muito prático tanto para a Rússia quanto para os Estados Unidos", acrescentou, ao fim de uma visita a Moscou de Bolton.

Em Washington, Trump disse que ainda não tinha conhecimento do relatório completo de Bolton sobre os planos para uma cúpula com Putin, "mas parece que nos encontraremos provavelmente em um futuro não muito distante".

"Acho que falaremos sobre a Síria. Acho que falaremos sobre a Ucrânia. Acho que falaremos de muitos outros temas. E veremos o que vai acontecer [...] Mas acho que de reuniões com pessoas podem sair muitas coisas boas", assegurou o presidente americano.

Donald Trump enviou seu conselheiro a Moscou para estabelecer as bases desta aguardada cúpula, pensada para relançar as relações bilaterais, que nunca tinham sido tão conturbadas desde o fim da Guerra Fria, pela guerra na Síria, pela crise ucraniana e pelas acusações de ingerência russa nas eleições presidenciais americanas de 2016.

Apesar de suas promessas de campanha sobre uma aproximação de Moscou, Trump só viu seu contraparte russo à margem de reuniões internacionais. A última vez foi em novembro de 2017.

A visita do conselheiro americano "dá esperança [...] quanto a um restabelecimento das relações plenas entre os nossos Estados", declarou Putin ao receber Bolton no Kremlin diante as câmeras de televisão russas.

"Infelizmente, as relações russo-americanas não estão em melhor nível", lamentou o presidente russo, considerando que "é em grande parte o resultado da dura luta política interna nos Estados Unidos".

Putin cumprimentou os Estados Unidos por terem conseguido, junto com México e Canadá, a organização da Copa do Mundo de 2026: "Com prazer compartilharemos nossa experiência com vocês", disse sorrindo.

- Meados de julho -

De acordo com Ushakov, a cúpula pode incluir uma reunião, um almoço de trabalho, uma coletiva de imprensa conjunta e a publicação de uma "declaração comum que possa indicar as próximas fases para melhorar as relações bilaterais".

Bolton, que não excluiu "acordos concretos", explicou à imprensa que o objetivo principal é retomar o diálogo "de interesse" dos Estados Unidos e "apesar das críticas políticas", em um momento em que a investigação sobre as acusações de ingerência russa e as suspeitas de conluio entre o Kremlin e a equipe de campanha de Trump envenenam a presidência do republicano.

"O presidente Trump considerou, e o presidente Putin concordou, que era hora de os dois se reunirem", explicou p conselheiro americano. "A celebração da cúpula já é em sim mesma um resultado".

Durante a cúpula, Trump "dirá claramente que é totalmente inaceitável intrometer-se nas nossas eleições", assegurou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, durante uma audiência parlamentar em Washington.

Para acalmar os ânimos em um momento em que deputados americanos de países aliados se preocupam com as possíveis concessões que se pode fazer a Putin, o chefe da diplomacia americana reafirmou que Washington "rechaçará" a anexação de Crimeia pela Rússia, a intervenção no leste da Ucrânia e a ocupação parcial da Geórgia.

O encontro poderá acontecer em uma capital europeia, antes ou depois da cúpula da Otan, marcada para 11 e 12 de julho em Bruxelas, segundo a mídia russa e estrangeira.

No dia 13, Trump viajará a Londres, enquanto Putin assistirá no dia 15 a final da Copa do Mundo.

Viena e Helsinque se apresentam como as principais candidatas a sediar a cúpula, que será celebrada em um contexto de tensão entre Trump e seus aliados europeus, evidente sobretudo desde a cúpula do G7 no Canadá no começo de junho.