O Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema) publicou nesta sexta-feira na internet um programa de governo comum com a Liga (extrema-direita), para dirigir a Itália com uma clara objeção à austeridade.
"Hoje fica finalmente definido em todos os seus componentes o 'contrato para o governo de mudança'. Estou realmente feliz. Estes 70 dias foram realmente intensos, acontecera muitas coisas, mas no fim conseguimos o que havíamos anunciado na campanha eleitoral", escreveu no Facebook o líder do M5S, Luigi Di Maio.
O programa de 58 páginas, que contém 30 pontos, será submetido à votação dos militantes do M5S, pela internet, até as 20H00 locais (15H00 de Brasília) desta sexta-feira.
A Liga anunciou que o texto - que o grupo de extrema-direita ainda não divulgou - deve passar pela votação de seus militantes em toda a Itália no sábado e domingo.
O "contrato de governo" claramente vira as costas para a austeridade e aposta em uma política de crescimento para reduzir a colossal dívida pública do país.
"A ação do governo aponta para a redução da dívida pública não por meio de receitas baseadas em impostos e austeridade, políticas que não alcançaram seus objetivos, e sim por meio do aumento do PIB com base na retomada da demanda interna", afirma o texto.
O programa não cita explicitamente uma saída do euro, mas indica "revisar, com os sócios europeus, o marco da governança econômica", incluindo a moeda única, para "voltar à situação de origem, quando os Estados europeus estavam estimulados por uma sincera intenção de paz, de fraternidade, de cooperação e de solidariedade".
Os dois partidos preveem ainda reduzir a idade de aposentadoria, que passaria a 67 anos em 2019.
Atualmente é possível solicitar a aposentadoria quando a idade e os anos de contribuição somam 100.
As duas principais promessas dos partidos permanecem no programa, mas sem um calendário específico: uma reforma fiscal "corajosa e revolucionária", com os impostos a pessoas físicas e empresas reduzidos a duas taxas de 15% e 20% para a Liga, e a instauração de uma "renda de cidadania" de 780 euros mensais para o M5S.
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