Centenas de pessoas se manifestaram por uma internet livre em Moscou, em protesto ao bloqueio do aplicativo de mensagens Telegram determinado pela Justiça da Rússia há um mês. Embora o ato tenha sido autorizado pela prefeitura da capital russa, 20 pessoas foram presas pela polícia, segundo o observador de direitos humanos OVD-Info.
A manifestação foi consideravelmente menor do que a última organizada em Moscou para exigir o retorno do funcionamento do Telegram. Em 30 de abril, oito mil pessoas se reuniram em Moscou e nenhum incidente foi registrado. Os motivos das detenções de ontem ainda não são conhecidos.
O ex-primeiro-ministro da Rússia Mikhail Kasyanov, que serviu durante quatro anos de administração Putin e que hoje se situa na oposição, fez duras críticas ao governo durante o protesto. “As autoridades querem roubar nossas mensagens sigilosas, nossa vida privada”, bradou aos manifestantes. “A internet é a nossa maior liberdade. Não podemos deixar que isso aconteça”, afirmou. A origem do conflito da Justiça russa com o Telegram está na criptografia das mensagens trocadas pelos usuários.
O Serviço de Segurança Federal russo solicitou os códigos para decodificar o conteúdo de eventuais ameaças terroristas, mas a empresa, fundada pelo russo Pavel Durov, se negou a fornecê-los por considerar que seria uma violação de privacidade.
A ordem do bloqueio veio da autoridade de telecomunicações russa, a Roskomnadzor, que também derrubou dois milhões de endereços IP utilizados para contornar a obstrução do aplicativo. Alguns usuários conseguiram contornar o problema usando conexões privadas, simulando acessos por meio de redes do exterior.
O Telegram, muito popular na região da Eurásia e do Oriente Médio, calcula que 14 dos 200 milhões de usuários em todo o mundo vivem na Rússia. No fim do mês passado, a Justiça iraniana também bloqueou o Telegram sob a alegação de que o dispositivo favorece a comunicação de grupos armados e violentos. O Irã soma 40 milhões de usuários. O governo do país atribui ao aplicativo os protestos em dezenas de cidades iranianas há cinco meses, supostamente inflamados por grupos exilados por meio do Telegram.