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Negociador da UE para o Brexit convida o Reino Unido a continuar no mercado único

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O Reino Unido ainda pode mudar de opinião e decidir continuar no mercado único europeu e na união alfandegária antes do fim do período de transição em dezembro de 2020, afirmou o negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier, em uma entrevista a vários jornais.

"Se os britânicos desejarem modificar suas linhas vermelhas, nós modificaremos as nossas em consequência", afirmou Barnier na entrevista ao jornal belga Le Soir e outras cinco publicações europeias.

Londres anunciou a intenção de abandonar o mercado único, o que permitira manter o controle da livre circulação de cidadãos europeus em seu território, um dos pilares deste espaço e alvo das críticas dos partidários do Brexit.

Barnier, no entanto, considerou "possível" uma eventual mudança de opinião dos britânicos, que abandonarão a UE no fim de março de 2019, mas que permanecerão como parte dos espaços econômico e comercial até 31 de dezembro de 2020.

As atuais linhas vermelhas de Londres só permitem no momento uma futura relação comercial entre o Reino Unido e seus ainda 27 sócios com base em um tratado de livre comércio como o que foi assinado com o Canadá.

Caso continue no mercado único europeu, o modelo poderia ser o da Noruega, que tem acesso ao mercado interno europeu em troca de uma contribuição econômica a seu desenvolvimento e do respeito às quatro liberdades, entre elas a de circulação.

As negociações entre Bruxelas e Londres seguem o seu curso. Apesar dos acordo iniciais sobre as condições do divórcio e do período de transição, os negociadores ainda precisam resolver diversos pontos, incluindo a situação na Irlanda do Norte.

As duas partes desejam evitar a criação de uma fronteira física entre a província britânica da Irlanda do Norte e sua vizinha Irlanda, país membro da UE, com o objetivo também de preservar o Acordo da Sexta-Feira Santa de 1998.

E, neste ponto, para Barnier o problema também é provocado pela decisão do Reino Unido de abandonar não apenas a UE, mas também "o mercado único e a união alfandegária", algo que não era obrigatório.

A respeito de outro ponto delicado, Gibraltar, o negociador europeu reiterou que os acordos entre Londres e Bruxelas não serão aplicados a este território britânico reivindicado por Madri sem a aprovação do governo espanhol.

"O período de transição não será aplicado a Gibraltar sem um acordo bilateral prévio entre Espanha e Reino Unido sobre certas questões bilaterais, como a administração do aeroporto de Gibraltar ou pontos da área fiscal", afirmou Barnier.