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Italiano que atirou em imigrantes nega arrependimento

Luca Traini é acusado de "massacre agravado por ódio racial"

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A Justiça da Itália decidiu nesta terça-feira (6) manter na cadeia o militante neofascista Luca Traini, preso após disparar contra imigrantes negros em Macerata, no centro do país.    

A juíza de inquérito preliminar Domenica Potetti determinou a detenção preventiva de Traini por "massacre agravado por ódio racial", mas descartou a acusação por "múltipla tentativa de homicídio", por considerar que essa tipificação já está inclusa na primeira.    

O homem de 28 anos se valeu do direito ao silêncio durante a audiência, mas depois deu declarações espontâneas a outra juíza, alegando que não era sua intenção atingir a única mulher entre as seis pessoas baleadas por ele. Fora isso, Traini, de acordo com seu advogado, não pediu desculpas nem demonstrou arrependimento.    

Ex-candidato a vereador pelo partido Liga Norte, ele atirou contra os imigrantes no último sábado (3), em reação pela morte da jovem italiana Pamela Mastropiero, cujo corpo havia sido encontrado desmembrado em duas malas poucos dias antes.    

O único suspeito do caso é um nigeriano, Innocent Oseghale, mas até o momento ele é acusado apenas de vilipêndio e ocultação de cadáver. Oseghale também é investigado por homicídio, mas ainda não há indícios de que ele tenha contribuído para a morte de Mastropiero.    

Segundo o nigeriano, a italiana, que era viciada em drogas, teve uma overdose em sua casa, onde a polícia encontrou as roupas da vítima cobertas de sangue. Oseghale diz que fugiu logo em seguida, mas a polícia acredita que ele tenha desmembrado o corpo de Mastropiero para escondê-lo.    

Ainda falta descobrir a causa da morte da jovem: se foi mesmo por overdose ou devido a alguma ação do nigeriano. O caso Mastropiero-Traini provocou comoção na Itália, que está em plena campanha para as eleições legislativas de 4 de março.    

Um dos principais temas em debate é justamente o da imigração e do acolhimento a solicitantes de refúgio que chegam aos milhares no país através do Mar Mediterrâneo.