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ONU e lideranças políticas criticam decisão de Trump de vetar refugiados

Aeroportos norte-americanos já começaram a barrar imigrantes e refugiados

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A Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) criticaram a medida de Donald Trump de vetar a entrada de imigrantes e refugiados de sete países, predominantemente muçulmanos, por 120 dias nos Estados Unidos. Os sírios foram permanentemente proibidos de entrar no país.    

As duas entidades, que são ligadas à ONU, emitiram uma nota em conjunto dizendo que esperam que "os Estados Unidos continuem a exercitar o seu papel forte de liderança" e a respeitar "a longa tradição de proteger aqueles que fogem de conflitos e perseguições". 

"As necessidades dos refugiados e dos migrantes em todo o mundo nunca foram tão grandes e o programa de reinserção dos Estados Unidos é um dos mais importantes do mundo", acrescentaram as instituições.    

A OIM e a Acnur ainda ressaltaram que a "tradicional política dos Estados Unidos é de acolher os refugiados" e disseram que estão prontas para trabalhar com a nova administração norte-americana.    

"Estamos firmemente convictos de que os refugiados devem receber a igualdade de tratamento nos termos de proteção e assistência, de oportunidades para a reinserção, independentemente de sua religião, nacionalidade ou raça", acrescenta a nota.    

Quem também criticou a medida foi o presidente do Irã, Hassan Rohani, que teve seu país atingido pela medida de Trump. "Hoje é tempo de reconciliação e convivência, não de erguer muros entre nações. Parece que esqueceram a queda, anos atrás, do muro de Berlim. Se há paredes entre as nações, elas devem ser demolidas", disse Rohani sobre os muros "invisíveis" e aquele que Trump quer construir na fronteira com o México.    

A Nobel da Paz de 2014, a jovem paquistanesa Malala Yousafzai, disse estar com o "coração partido" com a decisão tomada pelo presidente dos EUA. "Me parte o coração ver que o presidente Trump fechou a porta para as crianças, as mães e aos pais que fogem da violência e da guerra. Me parte o coração ver que os Estados Unidos viram as costas a uma história gloriosa de acolhimento de refugiados e de imigrantes. A gente que ajudou a construir o seu país e que está pronta para trabalhar duramente em troca de uma oportunidade justa para uma nova vida", escreveu a ativista, que mora atualmente na Inglaterra.    

"Me parte o coração ver que as crianças refugiadas sírias, que estão sofrendo há seis anos por uma guerra que não tem culpa, serão alvos de discriminação", concluiu Malala.

Primeiros bloqueios e processo 

Um dia após o decreto de Trump, os aeroportos norte-americanos começaram a barrar imigrantes e refugiados dos países atingidos neste sábado (28). De acordo com o jornal The New York Times, entre os detidos no aeroporto de Nova York, estão dois refugiados iraquianos. Hameed Khalid Darweesh, que trabalhou para o governo norte-americano por 10 anos no Iraque, e Haider Sameer Abdulkhaled Alshawi, que estava indo aos EUA para encontrar sua esposa que trabalha para o governo de Washington, e seu filho.    

Advogados já foram acionados no local e devem entrar com uma ação contra o presidente Trump. Além deles, vários grupos que defendem os direitos humanos se preparam para abrir um processo coletivo contra a medida e iniciar uma batalha legal contra o presidente.