ASSINE
search button

Financial Times: EUA escolhem entre a ameaça do 'urso' e a dos 'cupins'

Compartilhar

Imagine dois tipos de ameaça, sugere Edward Luce no jornal britânico Financial Times, uma a de um urso tentando invadir a sua cabana, outra a de cupins a destruindo a partir de dentro. Para Luce, o republicano Donald Trump seria o urso, uma ameaça grande e visível. Já um governo de Hillary Clinton seria a dos cupins, com um governo paralisado por republicanos no Congresso. 

"A parte boa sobre o urso é que você pode vê-lo chegar. Cupins são invisíveis. É difícil pontuar o momento que eles começaram a correr as bases", alerta Luce. 

Para o colunista, a questão é que está ficando cada vez mais difícil governar os Estados Unidos. "Como disse Abraham Lincoln, uma casa dividida não consegue se manter. Embora ele tenha enfrentado desafios muito mais mortais, a observação é tão verdadeira hoje quanto quando ele disse isto. A base da democracia norte-americana é cooperação. Seja qual for o resultado de terça-feira, é pouco provável que se adeque a tal descrição."

Enquanto Trump alerta que os votos seriam manipulados, Hillary acredita que o sistema norte-americano funciona bem, "exceto pela ameaça posta pelo Sr. Trump". Luce argumenta que as projeções de Hillary estão tão enganadas quando as do oponente. "O sistema democrático norte-americano está balançando, Trump vencendo ou não."

Vitória de Trump

Considerando que o empresário vença a eleição, o primeiro passo seria a impossibilidade dele alegar que o processo tenha sido roubado. "A contagem dos votos de 2016 poderia ser a mais limpa da história. A America poderia voltar a ser grande de novo", brinca o colunista, lembrando dos momentos em que o republicano colocou em dúvida se aceitaria ou não o resultado das urnas e do seu slogan, "Make America Great Again!". "Seria um desastre", atesta Edward Luce.

O colunista busca derrubar a ideia de que, vencendo, Trump daria ouvidos a conselheiros experientes, que poderiam impedir seus piores instintos, e que a Constituição seria um limite. Ele lembra que o próprio Trump já deixou claro que sua política estrangeira seria baseada apenas nele mesmo, entre declarações de apoio a armamento nuclear e a uma guerra entre Coreia do Norte e vizinhos, e que não demonstra respeito a limites constitucionais. 

Vitória de Hillary

Uma vitória de Clinton, se acompanhada de uma recuperação do controle do Congresso pelos democratas, estaria livre de ameaças. "Mas isto não vai acontecer". Antes da eleição, republicanos já prometem bloquear qualquer projeto lançado por ela, outros ameaçam abertura de processos de impeachment. 

O partido Republicano está divido, mas a aversão a Hillary tem funcionado como a "cola" que mantem seus integrantes unidos. "De qualquer jeito, os republicanos pretendem fazer da presidência da Sra. Clinton um deserto e chamar isto de democracia. Eles têm os meios para fazer isto. Mais quatro anos de impasses apenas aprofundariam a insatisfação popular norte-americana", alerta o jornalista.