Matéria publicada neste domingo (21) no The Guardian, conta que o governo da Índia enviou milhares de soldados a um estado do Norte do país neste domingo para tentar pôr fim aos protestos que atingiram de forma severa o abastecimento de água em Delhi, uma metrópole com mais de 20 milhões de habitantes, forçando o fechamento de fábricas e causando a morte de 10 pessoas.
Segundo a reportagem, tumultos e saques na cidade de Haryana organizados pelos Jats, uma casta rural, são sintomas de uma concorrência cada vez mais acirrada por empregos públicos e aberturas de ensino na Índia, cuja população em crescimento pode ultrapassar a China em uma década.
O tumulto mais recente ameaça minar a promessa do primeiro-ministro Narendra Modi de que dias melhores virão para os indianos que o elegeram em 2014, com a maior votação em três décadas. Assim como em vezes anteriores, o líder de 65 anos de idade, ignorou os protestos.
O governo federal mobilizou 4.000 soldados e 5.000 paramilitares em uma mostra de força massiva, além de ordenar o fim dos protestos até a noite deste domingo (21). O ministro do Interior, Rajnath Singh, se reuniu com os líderes dos Jat e se ofereceu para atender suas demandas.
Em Bahadurgarh, a Oeste de Dei, cerca de 2.000 manifestantes ocuparam a intersecção de uma rodovia e interromperam o fluxo de caminhões. As lojas na cidade foram fechadas.
De acordo com o chefe de polícia de Haryana, o número de mortos subiu para 10, e 150 pessoas ficaram feridas. Um funcionário do partido nacionalista de Singh - que também governa Haryana - disse depois em sua residência que iria propor um projeto de lei para conceder uma "reserva" ou uma cota garantida de empregos no governo para os Jats.
Os manifestantes atacaram casas dos ministros regionais, incendiaram estações ferroviárias e sentaram nos trilhos, bloqueando centenas de trens. Eles também sabotaram equipamentos de bombeamento em uma estação de tratamento de água, que fornece a maior parte da água de Deli.
O governo de Delhi ordenou o fechamento de escolas e o racionamento do fornecimento de água aos moradores, tentando assegurar o suficiente para hospitais e serviços de emergência.
Modi deseja atrair o investimento estrangeiro para pôr em prática novamente o seu “Faça na Índia”, designado para criar 100 milhões de empregos na indústria até 2022. No ritmo atual, a Índia só pode criar 8 milhões de empregos nesse período, segundo uma estimativa independente.