Os bolivianos irão às urnas neste domingo (21) para votar sobre uma reforma constitucional para decidir se o presidente Evo Morales, no Poder desde 2006, poderá ou não voltar a se candidatar ao cargo nas próximas eleições. Pesquisas de intenção de voto realizadas no últimos dias mostram vantagem do "Não" sobre o "Sim", especialmente após virem à tona denúncias de que Morales teria usado sua influência para que uma ex-namorada conseguisse um emprego como alta executiva em uma multinacional chinesa. Gabriela Zapata, com quem Morales chegou a ter um filho que morreu antes de completar um ano, foi contratada pela China CAMC Engineering Co. Ltd., empresa com a qual o governo de La Paz já assinou ao menos sete contratos milionários, entre eles a construção de uma mina de potássio no Salar de Uyuni. Morales nega as acusações.
"Não sei de nada de tráfico de influência ou corrupção, mas sei que perto de votações como o referendo aparece qualquer mentira", disse, pedindo que as denúncias de tráfico de influência sejam investigadas.
"Eu nunca mais vi ela e não sabia que trabalhava naquela empresa", disse, em rede nacional. Foi divulgada logo depois, no entanto, uma foto dos dois juntos no ano passado, desmentindo o líder boliviano.
Morales está no poder desde 2006 e já cumpriu, tecnicamente, três mandatos após outra mudança constitucional - oficialmente, ele não conta o primeiro mandato, que teve quatro anos de duração contra os cinco atuais. Ele deve ficar no poder, caso a medida não seja aprovada, até janeiro de 2020. Se a nova norma for aprovada e ele for eleito a um quarto mandato, ficará até 2025 na Presidência. O primeiro presidente de origem indígena, em seus primeiros anos no Poder, Morales esteve com a aprovação em alta, especialmente após medidas que ajudaram a distribuir melhor a renda no país e a políticas de empoderamento de minorias.
Além disso, Morales esteve à frente do país no maior boom econômico de sua história, com crescimentos anuais que chegam a 6%. Calcula-se ainda, segundo dados do Banco Mundial, que o índice de pobreza extrema na Bolívia tenha passado de 38,2 % a 17 % em seus anos no Poder e que a renda per capita tenha subido de U$873 to U$3,119, criando uma nova classe média.
No mesmo período, no entanto, aumentaram as denúncias de corrupção dentro do governo, aumentou a superlotação de penitenciária e ainda existem muitas denúncias de perseguição à liberdade de imprensa.