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Alvaro del Portillo é beatificado em Madri

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Milhares de pessoas participaram neste sábado, dia 27, da cerimônia de beatificação do religioso Alvaro del Portillo, sucessor do fundador do Opus Dei, Josemaría Escrivá de Balaguer, em Madri.    

O papa Francisco pediu, em mensagem, que os fiéis sigam o exemplo do beato e "não tenham medo de andar contra a corrente e de sofrer por divulgar o evangelho".    

Portillo foi beatificado após o milagre ocorrido com o jovem Jose Ignacio Ureta Wilson ser confirmado pelo Vaticano. Os pais de Jose Ignacio afirmam que o religioso possibilitou o salvamento da criança, em agosto de 2003, após mais de meia hora com o coração parado. O jovem se recuperou sem apresentar quaisquer sequelas.

A cerimônia de beatificação foi presidida pelo prefeito da Congregação de Causa dos Santos, o cardeal Angelo Amato, e contou com a presença de milhares de membros do Opus Dei no mundo inteiro, inclusive das diversas cidades do Brasil onde atua. 

Filho de Clementina Sollano Dez (mexicana) e de Ramón del Portillo e Pardo (espanhol), Álvaro del Portillo nasceu em Madrid no dia 11 de março de 1914. Era o terceiro de oito irmãos.

Depois de frequentar os estudos secundários no Colégio El Pilar (Madrid), frequentou a Escola de Engenharia Civil, Canais e Portos, e terminou o curso em 1941. Trabalhou em vários organismos públicos. Ao mesmo tempo, estudou Filosofia e Letras (Secção de História) e doutorou-se em 1944 com a tese Descobrimentos e explorações no litoral da Califórnia.

Em 1935 incorporou-se no Opus Dei, instituição da Igreja Católica fundada sete anos antes por S. Josemaria Escrivá. Ele recebeu diretamente do fundador a formação e o espírito próprios daquele novo caminho na Igreja. Desenvolveu um amplo trabalho de evangelização entre os colegas de estudo e de trabalho, e desde 1939 realizou um intenso apostolado em diferentes cidades de Espanha.

No dia 25 de junho de 1944 foi ordenado sacerdote pelo Bispo de Madrid, Mons. Leopoldo Eijo e Garay, juntamente com José Maria Hernández Garnica e José Luis Múzquiz: são os três primeiros sacerdotes do Opus Dei, depois do fundador.

Em 1946 mudou-se para Roma, poucos meses antes de S. Josemaria, com quem viveu também nos anos seguintes. O Opus Dei recebeu então as primeiras aprovações jurídicas da Santa Sé. Para Álvaro del Portillo começou também uma época decisiva, em que, entre outras coisas, realizou com a sua atividade intelectual perto de S. Josemaria e com o seu trabalho na Santa Sé uma profunda reflexão sobre o papel e a responsabilidade dos fiéis leigos na missão da Igreja, através do trabalho profissional e das relações sociais e familiares. 

Entre 1947 e 1950 alentou a expansão apostólica do Opus Dei para Roma, Milão, Nápoles, Palermo e outras cidades italianas. Promoveu atividades de formação cristã e atendeu sacerdotalmente inúmeras pessoas. Sinal do trabalho marcante que fez em Itália são as várias ruas e praças que lhe foram dedicadas em diversas localidades do país.

A 29 de junho de 1948, o fundador do Opus Dei em Roma erigiu o Collegio Romano della Santa Croce, centro internacional de formação do qual Álvaro del Portillo foi o primeiro reitor e onde ensinou teologia moral (1948-1953). Em 1948 doutorou-se em Direito Canónico na Universidade Pontifícia de S.Tomás.Durante os seus anos em Roma, os papas, de Pio XII a João Paulo II, chamaram-no para desempenhar numerosos encargos como membro ou consultor de 13 organismos da Santa Sé.

Participou ativamente no Concílio Vaticano II. João XXIII nomeou-o consultor da Sagrada Congregação do Concílio (1959-66). Nas fases anteriores ao Concílio Vaticano II, foi presidente da Comissão para o Laicado. Já durante o Concílio (1962-65) foi secretário da Comissão sobre a Disciplina do Clero e do Povo Cristão. Após este evento eclesial, Paulo VI nomeou-o consultor da Comissão pós-conciliar dos Bispos e Governo das Dioceses (1966). Foi também, durante muitos anos, consultor da Congregação para a Doutrina da Fé, da Congregação do Clero, da Congregação das Causas dos Santos e do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais.

A vida de Álvaro del Portillo está estreitamente ligada ao fundador do Opus Dei. Permaneceu sempre ao seu lado até o momento da morte em 26 de junho de 1975, colaborando com S. Josemaria nas tarefas de evangelização e de governo pastoral. Acompanhou-o em muitas viagens a países da Europa e da América para iniciar e orientar os diversos apostolados. "Vendo a sua presença amável e discreta ao lado da figura dinâmica de Mons. Escrivá, vinha-me ao pensamento a modéstia de S. José ", escreveu depois da sua morte, um agostiniano irlandês, o Padre John O'Connor.

A 15 de setembro de 1975, no congresso geral convocado após a morte do fundador, D. Álvaro del Portillo foi eleito para o suceder à frente do Opus Dei. Em 28 de novembro de 1982, quando S. João Paulo II erigiu o Opus Dei como prelatura pessoal, nomeou-o Prelado da nova prelatura. Oito anos depois, a 7 de dezembro de 1990, nomeou-o bispo e, em 6 de janeiro de 1991, conferiu-lhe a ordenação episcopal na Basílica de São Pedro.

Ao longo dos anos em que esteve à frente do Opus Dei, D. Álvaro del Portillo promoveu o início da atividade da Prelatura em 20 novos países. Nas suas viagens pastorais, que o levaram aos cinco continentes, pregou a milhares de pessoas do amor a Deus, a Nossa Senhora, à Igreja e ao Papa, e anunciou com persuasiva simpatia a mensagem cristã de S. Josemaria sobre a santidade na vida corrente. Em Portugal esteve 12 vezes acompanhando S. Josemaria e 8 vezes sendo já Prelado do Opus Dei. Em todas as viagens visitaram o Santuário de Nossa Senhora de Fátima.

Como Prelado do Opus Dei, D. Álvaro del Portillo estimulou o início de numerosas iniciativas sociais e educativas. O Centre Hospitalier Monkole (Kinshasa, Congo), o Center for Technology ande Enterprise (CITE, em Cebú, Filipinas) e da Niger Foundation (Enugu, Nigéria) são exemplos de instituições de desenvolvimento social realizados por fieis do Opus Dei, com outras pessoas, sob o impulso direto de D. Álvaro del Portillo.Também a Universidade Pontifícia da Santa Cruz (desde 1985) e o seminário internacional Sedes Sapientiae (desde 1990), ambos em Roma, assim como o Colégio Eclesiástico Internacional Bidasoa (Pamplona, Espanha), formaram para as dioceses milhares de candidatos ao sacerdócio enviados por bispos de todo o mundo. São um sinal da preocupação de monsenhor del Portillo pelo papel do sacerdote no mundo atual, tema a que dedicou grande parte das suas energias, como se evidenciou nos anos do Concílio Vaticano II. 

"O sacerdócio não é uma carreira, escreveu em 1986, mas uma entrega generosa, plena, sem cálculos nem limitações, para ser semeadores de paz e alegria no mundo, e para abrir as portas do Céu a quem beneficia desse serviço e ministério".

Álvaro del Portillo é autor de publicações sobre questões teológicas, canônicas e pastorais: Fiéis e leigos na Igreja (1969), Escritos sobre o sacerdócio (1970) e numerosos textos dispersos, a maioria deles postumamente recolhidos no volume de Rendere amabile la Verità . Raccolta di scritti di D. Álvaro del Portillo, publicado em 1995 pela Libreria Editrice Vaticana. Em 1992, publicou-se o volume Intervista sul Fondatore dell'Opus Dei, resultado das suas conversas com o jornalista italiano Cesare Cavalleri, sobre a figura de S. Josemaria Escrivá, que foi traduzido em várias línguas.

D. Álvaro del Portillo faleceu em Roma na madrugada de 23 de março de 1994, poucas horas depois de regressar de uma peregrinação à Terra Santa. Na véspera, a 22 de março, celebrou a sua última Missa na Igreja do Cenáculo em Jerusalém. Depois da sua morte, em 1994, milhares de pessoas testemunharam a recordação da sua bondade, do calor do sorriso, da humildade, da audácia sobrenatural, da paz interior que a sua palavra comunicava.

Em 5 de julho de 2013 a Santa Sé, através de um decreto do Papa Francisco reconheceu oficialmente um milagre atribuído à sua intercessão para a cura de um menino chileno, José Ignacio Ureta, após uma parada cardíaca de mais de meia hora, em agosto de 2003.