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Maduro abre espaço de diálogo com a oposição venezuelana

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O jornal espanhol El País lançou uma série de perguntas sobre o comportamento do presidente da Venezuela, Nicólas Maduro, após ele receber no Palácio do governo um grupo de 68 prefeitos recém-eleitos e dois governadores provinciais, que representa a oposição venezuelana, em uma reunião que durou mais de quatro horas. "Você desistiu, Nicolás Maduro, de seus esforços para fundir-se com Hugo Chávez? É um gesto de real politica antes de uma crise que vem à tona e não deixa alternativas? Qualquer manobra é valida para dividir a oposição?", questiona o jornal na abertura da sua reportagem. Segundo o El País, algumas exigências foram feitas para a recepção do grupo, anunciadas poucas horas antes do encontro e tiveram efeito de pré-requisitos ao diálogo. Maduro só queria receber apenas aquelas autoridades que reconhecem o programa da última campanha eleitoral, de Hugo Chávez, chamado Plan de la Patria, como um plano de ação de seu governo.

A reportagem cogita uma "possível confusão" entre os seguidores de Maduro a partir do encontro, mas o presidente passou uma "expressão de bondade" para alguns dos seus adversários mais ferrenhos. "Quem costumava chamá-lo de O vampiro, Antonio Ledezma, reeleito prefeito de Caracas, apertou a sua mão. Ele fez o mesmo com Miguel Cocciola, o novo prefeito de Valencia, que já pediu uma investigação criminal por suspeita de roubar o salário do povo na cadeia de lojas de ferragens que ele possui", destaca o jornal, completando que "nem Hugo Chavez se atreveu a tanto". O veículo relembra as origens dos atritos entre presidente e municípios. "Porta-vozes da oposição levantam reivindicações sensíveis, como a anistia para presos políticos, o fluxo de recursos para o governo local, o retorno de benefícios e ativos que foram retirados de governos regionais", cita a reportagem. 

Maduro reclamou a ausência na reunião do governador do estado de Miranda e líder da oposição, Henrique Capriles, segundo o El País. Maduro fez uma referência velada ao seu rival com os líderes María Corina Machado e Leopoldo Lopez, sobre a chamada "trilogia do mal", como resposta às queixas acerca dos ditos "governos paralelos". Na reunião foi discutida a criação de um comitê de ligação entre as autoridades locais e o governo central, com a finalidade de tratar das questões discutidas durante o conclave e também listadas em uma carta de representantes da oposição. "Quaisquer que sejam as motivações deste movimento inesperado do xadrez de Maduro, para mudar a combatividade característica de seu regime por um sinal desmilitarizado, parece estar de acordo com a época do Natal e conseguiu levantar as esperanças dos setores que esperam por uma dose correta de sanidade na rota de colisão no conflito na Venezuela. Agora tem que determinar se é um golpe de efeito ambiental ou a abertura de uma nova política", destaca o texto.