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Evo Morales pede desculpa ao Brasil por vistoria em avião da FAB

Morales se diz surpreso com as informações da imprensa brasileira.

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O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu desculpas ao governo brasileiro, nesta sexta (19/07), pela vistoria feita em 2011 em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que levava à bordo o ministro da Defesa, Celso Amorim, no aeroporto Al Alto, na capital boliviana. Nesta quinta (18/07), a ministra da Comunicação da Bolívia, Amanda Dávila, comentou as acusações contra o governo do país, com relação ao caso, especialmente sobre a revista ter sido feita de forma truculenta e não autorizada. Segundo a ministra, a ação não foi ordenada por nenhuma autoridade do governo Evo Morales e deve ter ocorrido “um incidente operacional”, porque o “avião brasileiro não foi identificado como um veículo diplomático”. 

Evo Morales disse estar surpreso com as informações divulgadas pela imprensa brasileira. “Pedimos desculpas ao povo brasileiro e ao governo, somos sinceros”, notificou o presidente boliviano. Morales determinou uma “profunda investigação” sobre o “incidente”. Já a ministra da Comunicação, Amanda Dávila, atribuiu à oposição no país as “denúncias não verdadeiras” sobre o motivo da inspeção na aeronave do Brasil. Na opinião de Dávila, as informações que vazaram de fontes do governo brasileiro fazem parte de um esquema armado para “provocar um problema e gerar um escândalo envolvendo os dois países”.

Na terça-feira (16/07), as denúncias sobre a vistoria no avião da FAB tornaram-se públicas. No dia seguinte, o ministério da Defesa do Brasil confirmou a informação e, em nota, afirmou que o Ministério das Relações Exteriores exigiu desculpas do governo boliviano e pediu o fim de procedimentos semelhantes. A Defesa garantiu que quando a vistoria aconteceu, o ministro Celso Amorim e seus assessores estavam fora da aeronave.

>>Bolívia revista avião da FAB à procura de asilado<<

>>Ministério confirma revista da Bolívia ao avião da FAB<<

Denúncias de fontes ligadas ao governo brasileiro, atribuíram às autoridades bolivianas o pedido de revista, com a intenção de confirmar se o senador de oposição Roger Pinto Molina estava foragido na aeronave, após possível pedido de asilo ao Brasil. O senador Roger Pinto está asilado na Embaixada do Brasil na Bolívia desde maio do ano passado e aguarda julgamento de um habeas corpos Extraterritorial impetrado pelo seu advogado no Brasil, Fernando Tibúrcio, no Tribunal Superior Federal, garantindo a sua transferência da representação diplomática até a fronteira do Peru, sem ser preso. A ação deve ser julgada em agosto. As autoridades bolivianas recusam o salvo-conduto ao asilado, garantido o direito de ser conduzido até a fronteira pelo governo brasileiro, sem ser preso, alegando que o parlamentar responde a processos judiciais no país.

No seu pedido de desculpas, Morales ressaltou que o "incidente foi superado” e ratificou a confiança no governo brasileiro. 'Há uma confiança mútua desde Lula [administração do ex-presidente Lula] e agora, com Dilma, e essa confiança vai continuar. Eu tenho muito respeito pelos países vizinhos, especialmente a Argentina e o Brasil. Os problemas estão superados, e isso é confiança mútua”, escreveu o presidente boliviano. Evo Morales informou que serão adotadas “drásticas sanções” aos responsáveis pela ordem de vistoriar o avião da FAB. Oficialmente, a informação é que o avião usado pelo ministro brasileiro foi vistoriado para investigar se havia drogas no local. “Alguns oficiais, a pretexto da luta contra o narcotráfico, não tenham respeitado os aviões oficiais”, ressaltou Morales. Morales enfatizou que as relações diplomáticas com o Brasil “são boas” e não tem motivos para violar acordo internacionais. 

De acordo com a ministra boliviana Dávila, o veículo brasileiro não foi devidamente caracterizado como diplomático e ficou suscetível à revista do departamento boliviano de controle ao narcotráfico. O Ministério das Relações Exteriores da Bolívia se pronunciou confirmando que os militares fizeram revistas no avião da FAB, após denúncias de que havia drogas escondidas na aeronave.

Advogado do senador diz que discurso da ministra boliviana é "destemperado" 

Para o jurista Fernando Tibúrcio, que representa o senador Roger Pinto no Brasil, o pronunciamento da ministra da Comunicação boliviana foi “destemperado” e articulado pelo governo para despistar a atenção do caso do seu cliente.  "Ao afirmar que os veículos da imprensa brasileira que noticiaram as lamentáveis revistas nos aviões da FAB fazem parte de uma conspiração de direita, a ministra Amanda Dávila só confirma o seu característico destempero verbal. Além disso, em que pese não ter ficado determinado o número e a data das revistas, já em 2011 existia uma clara percepção da parte do Governo boliviano de que o senador Roger Pinto Molina poderia recorrer a um pedido de asilo, asilo que poderia lhe ser outorgado à bordo de uma aeronave militar. Naquela época, o senador sofria forte perseguição política em razão de ter feito denúncias que vinculavam pessoas influentes no Governo boliviano com o tráfico internacional de drogas, que levaram à prisão, no Panamá, da autoridade que dirigia a Força Especial de Luta contra o Narcotráfico”, afirmou o advogado.