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Ciclista ferido na Argentina diz que taxista queria 'matar todo mundo'

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Ferido depois que um taxista avançou sobre uma marcha do braço argentino do movimento mundial Massa Crítica na quinta-feira, em Buenos Aires, o ciclista Federico Morri relembrou hoje o terro que viveu depois de ter sua bicicleta destruída e de ter sido arrastado por cerca de 300 metros no capô do táxi. "Ele dizia claramente que queria matar todo mundo", afirmou o jovem.

O atropelamento do grupo de ciclistas, que deixou outras duas pessoas feridas, aconteceu no bairro de Palermo. Segundo um dos membros do movimento Massa Crítica que testemunhou o incidente, Guillermo Gambetta, tudo começou quando o grupo de mais ou menos 700 ciclistas que partiu do Obelisco em direção à zona norte da cidade, parou para se reorganizar e seguir a marcha.

"Nós ficamos parados perto da ponte por onde cruza o trem da linha Mitre por uns cinco minutos, quando, de repente, um taxista da franquia Radio Taxi Premium, que dirigia um Volkswagen modelo Voyage, começou a insultar as pessoas que faziam a contenção dos carros no final da marcha", relembra Guillermo.

O ciclista conta ainda que, não contente em insultar, o motorista do táxi começou a avançar com o veículo para cima da multidão dizendo que se eles não avançassem, iria matar todo mundo. Neste momento, ele teria atingido a roda de uma das bicicletas e, em reação, um dos ciclistas golpeou o capô do carro, aos gritos de "Para, louco". O taxista teria respondido com mais violência, avançando sobre três bicicletas.

Em uma delas estava Federico, que participa da Massa Crítica há um ano e meio. "Eu fazia parte da linha de contenção e quando ele avançou sobre a minha bicicleta e a de outros dois companheiros, eu cai em cima do capô do taxi e me agarrei com toda a força ao para-brisas para não ser amassado, como aconteceu com a minha bicicleta", relata o jovem.

Os gritos dos outros ciclistas não foram suficientes para deter o taxista, que seguiu com Federico agarrado ao capô de seu carro por cerca de 300 metros a uma velocidade de 40 quilômetros por hora. 

Segundo declarações do Secretário de Segurança Nacional, Sergio Berni, o taxista, que conseguiu fugir do local, teve seu veículo identificado e localizado em um estacionamento nas proximidades do bairro portenho de Matadeiros na tarde desta sexta-feira. O motorista, no entanto, continua foragido.

O jovem atropelado segue com fortes dores no braço e sem sua bicicleta, completamente destruída. Federico não quis dar mais informações sobre o suposto processo que sua família teria aberto na Justiça contra o motorista e a companhia de táxi.

Atropelador de ciclistas no RS irá a júri popular

Um caso semelhante ao de Buenos Aires aconteceu em fevereiro de 2011 em Porto Alegre (RS), quando o funcionário público Ricardo Neis atropelou um grupo de ciclistas do Massa Crítica. Ele irá a júri popular acusado de 11 tentativas de homicídio simples e cinco lesões corporais. 

Segundo a Polícia Militar, 100 ciclistas seguiam pela rua José do Patrocínio quando foram surpreendidos por um Golf preto na esquina com a rua Luiz Afonso. A maioria escapou do atropelamento, mas 17 ficaram feridos, sendo cinco com lesões, que foram encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro.

A polícia disse que o atropelamento foi intencional e que o motorista do Golf acelerou várias vezes antes de derrubar os ciclistas. Ricardo Neis foi preso no dia 2 de março. Em depoimento à Polícia Civil, ele alegou legítima defesa, relatando que os manifestantes agiram com violência contra seu carro. O funcionário público foi solto alguns dias depois, mas foi acusado pelo Ministério Público de tentativa de homicídio. Ricardo Neis fez curso de reciclagem de trânsito, mas deixou de dirigir e voltou a trabalhar.