Bogotá - O carnaval de Barranquilla (capital do departamento do Atlântico, região do Caribe colombiano) é a festa mais importante do país em termos econômicos. Só no ano passado, a festa arrecadou mais de US$ 22,5 bilhões.
O carnaval da cidade, reconhecido como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Unesco, atrai turistas de vários países que se divertem ao som da cúmbia, o ritmo colombiano mais conhecido no mundo.
Diversão para visitantes e trabalho para a cidade, que tem quase 1,5 milhão de habitantes. Durante o carnaval, são gerados mais de 20 mil empregos diretos e indiretos, segundo estimativa da coordenação do evento.
Só nos desfiles e shows, mais 22 mil pessoas trabalham diretamente com a parte artística da festa: músicos, grupos folclóricos, artesãos, costureiras e bailarinos.
A rede hoteleira tem ocupação de quase 80% do total de 5.700 camas, de acordo com o levantamento de 2012.
As atrações musicais incluem trios elétricos que tocam ritmos caribenhos como a salsa e a cúmbia. Mas a principal atração da festa é a Batalha das Flores, desfile realizado há 111 anos, desde 1902.
Em sua primeira edição, a batalha foi realizada para comemorar o fim da Guerra dos Mil Dias, a guerra civil colombiana.
De lá pra cá, a festa se aprimorou, mas a ideia original é mantida, com um desfile com a rainha do carnaval em um carro alegórico totalmente coberto por flores, seguido por outros carros igualmente decorados, que levam os príncipes e princesas do carnaval.
Outra tradição em Barranquilla são as chamadas comparsas, grupos folclóricos que dançam e representam personagens da história do país e da região e são equivalentes aos blocos brasileiros.
A marca barranquilheira é a irreverência, que inclui desfiles com máscaras de caricaturas gigantes de famosos, como a cantora Shakira, o líder cubano Fidel Castro, o presidente do país, Juan Manuel Santos e o seu equivalente venezuelano Hugo Chávez.
Para o professor Jorge Enrique Londoño, diretor do Instituto de Comunicação e Cultura da Universidade Nacional da Colômbia, o carnaval da cidade reflete o espírito da região, amplamente miscigenada.
“O carnaval de Barranquilla expressa a energia, a vitalidade e alegria do povo costeiro. Mas também há muita crítica, que satiriza os problemas do país. Em tudo isso, vemos a mistura indígena e dos afro-colombianos”, disse à Agência Brasil.
Mas se em Barranquilla o Carnaval atrai multidões, na capital Bogotá a festa acontece de maneira discreta. O carnaval de rua não é tradição na cidade, e a data é comemorada em restaurantes e casas noturnas.
Para Jorge Londoño, o desaparecimento do carnaval de Bogotá é um fenômeno que merece ser estudado. Segundo ele, a cidade realizou carnavais na época da independência do país, mas, depois, a tradição foi se perdendo.
“Bogotá recebeu muitos imigrantes e cresceu muito. Aqui a tradição se perdeu e simplesmente não sabemos por quê”, comentou. Ainda assim, quem participa costuma gostar do carnaval em Bogotá. A advogada peruana Silvana Gómez, 31, chegou à cidade no sábado (9) de Carnaval e foi a um “carnavalito” de um restaurante.
No local, atores simulam a festa em Barranquilla, com uma pequena comparsa, rainhas, personagens folclóricos e uma banda que toca cúmbia. “Pelo o que vi aqui é excelente. E muito divertido: só de vê-los, a gente quer dançar e rir”, conta, empolgada a advogada.