O mundo intensifica suas ações na busca de um cessar-fogo em Gaza, à medida que o número de mortos desde quarta-feira passa de 100. Ao todo, 98 palestinos e três israelenses morreram desde que a operação "Pilar Defensivo" foi lançada. As autoridades contam mais de 900 feridos no sexto dia de violência.
Somente nesta segunda-feira, 21 pessoas foram mortas na Faixa de Gaza, entre elas uma criança de 5 anos. Um palestino morreu em um novo ataque aéreo de Israel contra a torre Shuruq, em Gaza, onde vários meios de comunicação palestinos e internacionais têm seus escritórios, entre eles a rede de televisão Al-Aqsa, do Hamas. Este foi o segundo ataque contra o edifício nos últimos dias.
Já no acampamento de refugiados de Nusseirat, no centro de Gaza, dois palestinos morreram em um ataque. Durante a tarde, uma pessoa morreu e outra ficou ferida quando um míssil atingiu um veículo no norte da cidade de Gaza, indicou o ministério da Saúde do Hamas.
Os serviços de saúde também indicaram que um homem de 22 anos não resistiu aos ferimentos sofridos no domingo no acampamento de refugiados de Maghazi, no centro de Gaza. Outros três palestinos, que haviam sido feridos, também morreram, segundo as mesmas fontes.
Dois homens de cerca de 30 anos foram assassinados quando circulavam em uma moto na região leste de Khan Yunes (sul), perto da fronteira com Israel. Uma criança que estava com eles ficou gravemente ferida, de acordo com os serviços de emergência de Gaza.
Pouco antes, dois agricultores morreram em um ataque em Qarara, a leste de Khan Yunes, no sul da Faixa de Gaza. Nesta cidade, um homem de 23 anos morreu quando teve seu carro atingido. Além disso, três pessoas foram mortas em um ataque contra um automóvel em Deir al-Balah, no centro de Gaza. Os três eram de uma mesma família.
Nesta manhã, quatro pessoas foram mortas, entre elas duas mulheres e uma criança, em um ataque no bairro Zeitun de Gaza. O ministério da Saúde indicou que o corpo de um agricultor de 50 anos foi encontrado no norte de Beit Lahiya.
Esforços internacionals por cessar-fogo
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, viaja nesta segunda-feira do Iêmen ao Cairo para falar sobre a crise em Gaza com o governo egípcio, muito ativo na mediação do conflito, em meio aos apelos internacionais para o fim da escalada de violência. Desde a quarta-feira passada, o exército israelense realizou mais de 1.350 ataques contra alvos em Gaza como parte da ofensiva, segundo seus próprios dados. Já as milícias palestinas lançaram mais de 900 foguetes contra Israel, um dos quais matou três israelenses na última quinta-feira.
A chegada de Ban Ki-moon à região coincide com a do ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, que irá hoje a Israel para somar-se aos esforços internacionais. Ontem, foi a vez do chanceler francês, Laurent Fabius.
Em Bruxelas, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, expressou hoje sua preocupação pela morte de civis em Gaza e Israel, e disse que a situação atual mostra a necessidade de uma "solução a longo prazo" e a implantação de dois Estados. "O que devemos fazer agora é conseguir uma solução", ressaltou Ashton em sua chegada à reunião de ministros da Defesa e das Relações Exteriores da UE que analisará a escalada de violência entre israelenses e palestinos, após insistir em que há "pessoas inocentes" que morrem "em ambos os lados".
Por sua vez, o governo chinês pediu o fim do "abuso da força, que causou a morte de civis inocentes" por parte de Israel, e pediu ao Executivo israelense que negocie um cessar-fogo. A China destacou "a justa posição dos países árabes na questão palestina", afirmou a nova porta-voz das Relações Exteriores, Hua Chunying, ao expressar o apoio chinês ao Egito em seus esforços para reduzir as tensões.
Como parte desses esforços, o presidente egípcio, Mohammed Mursi, conversou nas últimas horas com o chefe do governo iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que qualificou os ataques israelenses a Gaza como "crimes contra a Humanidade e de guerra", e pediu um consenso internacional para restaurar a paz, informou hoje a agência oficial iraniana Irna. O Irã se ofereceu para enviar ajuda humanitária aos palestinos, e o ministro das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, disse que faz gestões para visitar esse território junto com uma delegação parlamentar.
Na mesma linha, os talibãs afegãos condenaram hoje a ofensiva israelense em Gaza e pediram à comunidade internacional que interceda para apoiar o povo palestino. Os insurgentes afegãos também pediram aos muçulmanos de todo o mundo, a indivíduos e organizações internacionais, que "reajam com contundência" para que os palestinos sintam um seu apoio e para que acabe "esta agressão".
No meio dos esforços diplomáticos, a ONG Save The Children alertou hoje para o "efeito devastador" que a ofensiva pode ter na população infantil, que representa a metade dos 1,7 milhão de habitantes de Gaza. Pelo menos uma criança de 4 anos está entre os 21 mortos nos últimos bombardeios israelenses ao longo da noite, quando foram atacados diversos alvos no norte e no sul da faixa, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas em Gaza.