Milhares de trabalhadores portugueses deverão se concentrar no Rossio, no centro da capital portuguesa, amanhã (14), às 14h30, para protestar contra a crise econômica e as medidas de austeridade adotadas pelo governo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que diminuem as despesas do Estado (inclusive com corte de verbas para saúde e educação) e que procuram aumentar a receita (com alta de impostos). Será a segunda grande paralisação no país desde 29 de setembro.
A manifestação em Lisboa faz parte da greve geral que deverá ocorrer em 17 distritos de Portugal, nos Açores e na Madeira. Além de Portugal, a greve ocorrerá também na Espanha, na Grécia e na Itália (em tempo parcial).
A organização da greve geral estima adesão menor ao movimento de paralisação em outros países da zona do euro e que estará centrada nas capitais, segundo informações postadas pelos organizadores em uma rede social. Em Paris, Berlim e Bruxelas, por exemplo, haverá manifestações públicas pela chamada Jornada de Lutas Europeia contra a Austeridade e a Favor do Emprego. Em Londres, Amsterdã, Zurique, “ações de solidariedade” como abaixo-assinado e pronunciamentos no Parlamento.
Mesmo em Portugal, onde é comum os protestos contra o governo, a adesão à greve é parcial. Das duas principais centrais sindicais, apenas a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) aderiu totalmente ao movimento e está orientando os sindicatos a ingressar na greve.
“Estamos vivendo uma espiral para baixo. O país precisa de estímulo econômico”, disse à Agência Brasil Armando Farias, representante da Comissão Executiva da CGTP. Segundo ele, a mobilização amanhã visa a pressionar o governo para que amenize as medidas restritivas e renegocie prazos e valores de pagamento dos empréstimos.
A outra entidade sindical, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), não vai aderir à greve, mas liberou os sindicatos da base a participarem do movimento. Em nota, a central adota tom pragmático. “Existem motivos específicos e motivos gerais que justificam o protesto, tais como a exigência de diálogo e negociação […]. Existem motivos para muitos sindicatos entenderem não ser este o momento para uma greve [...], quer por razões ligadas à gênese desta greve, quer por entenderem que melhor defendem o interesse dos seus filiados seguindo a via do diálogo ou promovendo ações de luta em outras datas.”
Entre os sindicatos ligados à UGT que participarão da greve amanhã está o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Sintap). Segundo o secretário-geral da entidade, Jorge Nobre dos Santos, a participação da entidade é “fazer o governo amenizar as políticas e negociar.”
Apesar dos protestos dos trabalhadores portugueses por causa da recessão, o governo tem tentado usar como trunfo os resultados da política fiscal para atrair investimentos e readquiri a confiança do mercado. Em discurso ontem (12) em reunião com empresários portugueses e alemães, junto com a chanceler Angela Merkel, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho fez questão de frisar a “redução da despesa de cerca de 13 bilhões de euros em dois anos [2011 e 2012], uma redução que será ampliada em 2013 e 2014.