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Performance pesará mais do que as propostas 

Avaliação, sobre último debate nos EUA, é de analista

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O último debate entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos que acontece na noite desta segunda-feira (22), em Boca Raton, Flórida, será muito mais um jogo de performance e retórica do que uma discussão sobre política externa, tema do confronto. Neste aspecto, inclusive, o democrata Barack Obama e o republicano Mitt Romney têm opiniões muito semelhantes. É o que afirma o cientista político Bruno Borges, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC/RJ) e coordenador do curso Clio Internacional.

De acordo com uma pesquisa da Gallup, apenas 5% do eleitorado norte-americano vota tendo em vista as propostas em relação à política externa dos candidatos. O que mostra que, em um momento acirrado da corrida presidencial, o que vale mesmo é não errar. "As questões que serão discutidas lá são um pouco mais do mesmo. A importância não vai ser a substância do embate, mas a forma", analisa.

Em relação às políticas, ambos se comprometem a retirar as tropas americanas do Afeganistão até 2014, prometem defender o país frente à concorrência chinesa, querem aumentar as exportações e impedir que o Irã desenvolva armas nucleares. "Não há diferença substancial entre eles", afirma Borges.

Depois de um primeiro debate em que Obama teve performance apagada e deu gás à campanha de Romney, e o segundo, em que o atual presidente reverteu o "jogo", o terceiro debate tende a ser o mais importante da disputa, pois qualquer erro pode ser fatal. Em editorial, o jornal The Wall Street Journal, referência do pensamento republicano, pediu a Romney que faça "duras críticas a Obama", mas fuja dos clichês.

Borges acredita, no entanto, que o candidato tem menos conhecimento sobre o assunto do que o atual presidente. "Acho que Obama tem uma leve vantagem, pela sua própria experiência no cargo. E também tem mais coisas para mostrar, ele retirou as tropas do Iraque e matou Osama Bin Laden", avalia.

Por outro lado, o fechamento de Guantánamo, uma das mais fortes promessas de campanha de Obama em 2008, não foi realizado. "O Romney pode até explorar isso, mas acho que mesmo neste aspecto Obama tem um aspecto positivo, pois o acusavam de ser muito brando e ele não foi, foi até bem belicista", acredita.

Debate será "vazio"

Para Borges, os temas abordados no debate serão vagos e pouco se discutirá sobre a crise na Europa, países emergentes ou sobre a relação com a América Latina. "Nesta altura do campeonato, ninguém quer se comprometer", finaliza o especialista.