Os egípcios tomaram a célebre Praça Tahrir no Cairo nesta quarta-feira para
marcar um ano da revolta que tirou do poder o ex-presidente egípcio Hosni
Mubarak, com os militares atualmente no poder planejando grandiosas celebrações
e ativistas prometendo dar novo fôlego a sua revolução ainda incompleta.
Milhares de islamitas, liberais, esquerdistas e cidadãos comuns tomaram conta da praça, epicentro dos protestos, agitando bandeiras e exibindo cartazes.
A poderosa Irmandade Muçulmana, que dominou as eleições para o novo parlamento, se fez presente para comemorar um ano desde que os egípcios - inspirados pela revolta na Tunísia - tomaram as ruas para protestar contra o regime.
Mas outros grupos, incluindo movimentos pró-democracia por trás da revolta, insistem que precisam terminar a revolução e querem a saída dos militares do governo.
Na véspera, o chefe do poder militar, o marechal Hussein Tantawi, em um discurso televisionado, anunciou que o Egito vai suspender nesta quarta-feira o estado de emergência em vigor há mais de trinta anos, salvo em caso de crimes violentos.
Esta suspensão, exigida com insistência pelas organizações de defesa dos direitos humanos e por vários partidos políticos, coincide com o primeiro aniversário do início da revolta que derrubou Mubarak.
"Tomei a decisão de pôr fim ao estado de emergência em todo o país, à exceção dos casos de combate a crimes violentos, a partir de 25 de janeiro de 2012 de manhã", declarou o marechal Tantawi.
A lei sobre o estado de emergência, que permite limitar as liberdades públicas e realizar julgamentos em tribunais de exceção, foi mantida em vigor sem interrupção durante os trinta anos de governo Mubarak. Ela foi instituída após o assassinato do presidente Anuar el-Sadat por islamitas em outubro de 1981.
A suspensão desta legislação que simboliza a repressão do antigo regime é exigida pelos movimentos que iniciaram a revolta que levou à queda de Mubarak no ano passado, assim como pelas capitais ocidentais, em particular Washington.