Muammar Kadafi ainda está na Líbia, afirmaram nesta terça-feira dirigentes do Conselho Nacional de Transição (CNT). De acordo com um dos líderes, Ahmed Darrat, os rebeldes têm o direito de matá-lo caso ele não se renda. "A informação que tenho é essa: existe 80% de chance de Kadafi ainda estar na Líbia", disse em Trípoli Omar Hariri, chefe de assuntos militares dos rebeldes, segundo o qual o ex-presidente líbio encontra-se totalmente acuado.
De acordo com Omar Hariri, os rebeldes suspeitam que Kadafi está ou em Bani Walid, a sudeste de Trípoli, ou nos arredores da capital líbia. Segundo o encarregado de supervisionar as funções do Ministério do Interior, Ahmed Darrat, os rebeldes esperam encontrá-lo antes de o novo governo ser eleito.
Contudo, de acordo com um dos principais líderes do CNT, Ali Tarhuni, os insurgentes sabem onde Kadafi está escondido, mas ele se negou a dar mais detalhes. "Kadafi está fugindo neste momento. Acreditamos ter uma boa ideia de onde ele está", limitou-se a dizer.
Capturar Kadafi é um objetivo vital para os rebeldes, que após seis meses de conflito têm sob seu controle quase todo o país, mas ainda seguem negociando para obter a rendição dos últimos kadafistas em Sirte, cidade natal do ex-líder líbio. De acordo com os rebeldes, Kadafi terá um julgamento justo caso seja possível capturá-lo com vida, mas ao mesmo tempo já ofereceram um prêmio de US$ 1,7 milhão àquele que entregar-lhes sua cabeça.
"Kadafi é um criminoso e um foragido e no mundo todo é lícito matar a um criminoso que se recusa a se render", disse Ahmed Darrat. Segundo o dirigente do CNT, o conflito iniciado na metade de fevereiro deixou um saldo de mais de 50 mil mortos e talvez o dobro de feridos e desaparecidos.
Líbia: da guerra entre Kadafi e rebeldes à batalha por Trípoli
Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidadesestratégicas de leste a oeste.
A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque. Na dia 23 de agosto, os rebeldes invadiram e tomaram o complexo de Bab al-Aziziya, em que acreditava-se que Kadafi e seus filhos estariam se refugiando, mas não encontraram sinais de seu paradeiro. De acordo com o CNT, mais de 20 mil pessoas morreram desde o início da insurreição.