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Conferência da União Africana avalia guerra na Líbia

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A União Africana (UA) realizou nesta quinta-feira, em Malabo, na Guiné Equatorial, sua 17ª reunião de cúpula voltada, desta vez, para a guerra na Líbia, o papel da Otan e o envio de armas da França aos rebeldes líbios.

"Todos estão de acordo que Kadafi deva sair. Alguns o dizem publicamente, outros não", afirmou Mansur Sayf Al Nasr, coordenador, na França, do Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia.

O presidente da Comissão da UA, Jean Ping, disse que é motivo para debates a situação de Muamar Kadafi que, no passado, foi um grande financiador da organização pan-africana e de vários de seus Estados.

A UA deve estar ciente dos "sofrimentos do povo líbio submetido a incessantes confrontos e bombardeios desde o dia 19 de março", afirmou Ping, sem citar a Otan.

Ping defendeu novamente uma estratégia da UA, a cujas propostas foram aprovadas pelos cinco presidentes mediadores (África do Sul, Congo, Mali, Uganda e Mauritânia) para uma solução política.

Paris reconheceu na quarta-feira que aviões franceses enviaram armas leves, que chegaram de paraquedas, ao sul de Trípoli, para ajudar a luta dos rebeldes contra as forças de Kadafi num conflito estagnado e que sofre ataques aéreos internacionais há três meses.

Segundo a França, o envio de armas respeita a resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, ao mesmo tempo em que o Estado-Maior das Forças Armadas desmentiu ter mandado mísseis antitanques Milan aos insurgentes.

No entanto a Rússia pediu explicações à França: "Se for confirmado (o envio de armas), seria uma violação grave da resolução de 1970" do Conselho de Segurança da ONU, afirmou o ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov.

A China também pediu que "fosse evitada toda ação que ultrapasse o mandato da resolução".

Os ministros do Interior dos seis grandes países europeus e dos EUA advertiram sobre a presença e o crescimento da Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) e sobre a chegada de armas do exército líbio à rede islamita. O espanhol Alfredo Pérez Rubalcaba disse estar "preocupado" com a "presença de armas do exército líbio nas mãos dos terroristas".

Em Malabo, capital da Guiné Equatorial, os participantes discordam sobre a saída do líder Kadafi, que parece não abrir mão do poder. Algumas delegações defendem um apoio ao líder da Líbia enquanto outras não o reconhecem como representação.

"Já não entendemos mais nada: Acreditávamos que Otan queria dizer 'Organização do Tratado do Atlântico Norte', mas vem bombardear o sul", afirmou um ministro que pediu para não ter o nome divulgado.

Os insurgentes afirmam terem se reunido com ministros da Nigéria, Mali, Chade e Mauritânia.

Na quarta-feira o ministro líbio para Assuntos da UA, Joma Ibrahim Amer, tinha pedido à organização apoio ao regime.