O regime sírio recusou nesta terça-feira as sanções impostas pela Europa e Estados Unidos a seu presidente, Bashar el Asad.
A negativa síria traz ainda mais tensão à sangrenta repressão contra a revolta pró-democracia que já deixou 1.062 mortos no país desde o início das manifestações, no meio de março, declarou à AFP Amar Qurabi, presidente da Organização Nacional Síria de Direitos Humanos.
Além dos mortos, cerca de 10.000 pessoas foram detidas na repressão da contestação contra o regime, disse Qurabi, que reside no Egito.
Enquanto o movimento de protesto entra na seu terceiro mês sem trégua, o regime autocrático líbio continua desafiando as pressões e as sanções, recusando toda interferência do exterior aos assuntos internos e mantendo a repressão à revolta mesmo que a um alto custo de vidas humanas.
As forças de segurança e o exército sírio mantêm o cerco em diferentes cidades foco dos protestos, como Homs (centro), Deraa (centro) e Banias (noroeste), onde as informações da situação chegam a conta-gotas devido às fortes restrições impostas à imprensa estrangeira.
Nesta terça-feira, no dia seguinte ao anúncio de novas sanções contra o regime, a imprensa governamental síria se queixou sobre a "interferência" da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos.
"Com o pretexto de buscar a defesa dos direitos humanos e de instaurar uma democracia no estilo americano, têm sido tramados complôs para servir aos interesses dos Estados Unidos ao custo de outros", disse um jornal.
Segundo o jornal diário Baas, nome também do partido único que dirige o país com mão de ferro há meio século, as sanções ignoram as reformas anunciadas e acusou os europeus de aplicar seus próprios objetivos na região.
O chefe da diplomacia síria, Walid Muallem, declarou na segunda-feira à televisão estatal que os europeus "cometeram um erro" ao impor sanções contra o regime e acusou a Europa de querer derrubar a Síria diante dos projetos expansionistas de Israel.
A UE decidiu na segunda-feira sancionar pessoalmente a Bashar al Asad e outros 10 responsáveis pelo regime (entre eles o chefe de Estado Maior Dawud Rajiha) pela repressão aos protestos.
No dia 10 de maio, a UE já anunciou sanções para a primeira lista de 13 figuras-chaves do regime sírio, entre eles um irmão e vários primos do presidente. As sanções se somaram às impostas pelos Estados Unidos na semana passada, quando o presidente americano, Barack Obama, pediu a Al Asad para que escolhesse entre "dirigir a transição ou afastar-se do poder".
Considerando a Asad como "instigador e responsável pela repressão contra os manifestantes" na Síria, a Suiça também decidiu congelar seus eventuais deveres no país, informaram as autoridades suiças.
A organização de defesa dos direitos humanos, Anistia Internacional, estimou que existe o perigo de que estas sanções sejam escassas e que cheguem muito tarde e reclamou ao Conselho de Segurança da ONU a atuar com mais determinação contra o regime sírio.
As discussões na ONU continuam, mas também persiste a ameaça de veto russo, disse o ministro de relações exteriores francês, Alain Juppé.