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Confrontos intensificam-se na Costa do Marfim

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ABIDJAN - A batalha em Abidjan ganhou intensidade nesta sexta-feira em meio à feroz resistência das tropas de elite do atual presidente Laurent Gbagbo, que se agarra ao poder desesperadamente diante da presença dos homens de seu adversário Alassane Ouattara nos arredores de sua residência do palácio presidencial.

Longe de ceder à pressão das armas, Gbagbo teria abandonado sua residência e se encontraria no palácio presidencial, sede do poder situada no bairro de Plateau, em pleno centro de Abidjan. Um de seus porta-vozes repetia que ele "não abdicará".

"Não creio que Laurent Gbagbo seja capaz de resistir mais tempo, com todas as deserções em suas filas. Tem um instinto suicida, meteu-se em um beco sem saída", declarou à AFP Anne Ouloto, porta-voz de Ouattara, presidente eleito e reconhecido pela comunidade internacional.

Apesar de o fim de seu poder anunciar-se muito próximo, um porta-voz de Gbagbo, Toussaint Alain, foi categórico nesta sexta-feira: "o presidente Laurent Gbagbo não tem a intenção de abdicar ou se render a nenhum rebelde".

Um dos amigos mais próximos de Gbagbo, o socialista francês Guy Labertit, disse em Paris que o presidente em fim de mandato "não renunciará". Esteja em sua residência ou no palácio presidencial, "não sairá vivo", completou.

Depois de na quarta-feira o chefe do Estado Maior, o general Philippe Mangou, refugiar-se na embaixada sul-africana em Abidjan, circulou o rumor de que Gbagbo poderia fazer o mesmo. Pretória desmentiu os rumores.

"Temos boas razões para pensar que o presidente Gbagbo foi ao palácio presidencial" na quinta-feira à tarde, a partir de sua residência de Cocody, assegurou à AFP o embaixador da França, Jean-Marc Simon, cuja residência está localizada perto de Gbagbo.

"Laurent Gbagbo deve entregar-se para evitar um banho de sangue. Esperamos que o faça, caso contrário iremos buscá-lo onde estiver. Se renunciar, tudo bem, caso contrário, será levado diante da Justiça internacional", advertiu na quinta-feira à noite Guillaume Soro, primeiro-ministro de Ouattara.

No bairro de Plateau, os tiros de fuzis Kalashnikov e os disparos de armas pesadas ocorriam em ritmo forte. Alguns eram tão fortes que faziam as paredes dos edifícios tremerem, comprovaram jornalistas da AFP. As ruas estavam vazias, e as pessoas permaneciam em casa. "Estamos aterrorizados", declarou Sylvie, uma moradora do bairro de Cocody.

Por outro lado, uma sueca funcionária da ONU morreu na quinta-feira à noite em Abidjan, provavelmente por bala perdida, segundo a chancelaria da Suécia.

Os intensos combates entre os militares fiéis ao presidente em fim de mandato e as Forças Republicanas de Alassane Ouattara começaram na quinta-feira à noite em Abidjan, último alvo das forças do presidente reconhecido pela comunidade internacional.

Na segunda-feira, as Forças Republicanas, que controlavam o norte do país desde 2002, empreenderam uma vasta ofensiva para o sul, para colocar fim à crise surgida na eleição presidencial de 28 de novembro. Ouattara ganhou a eleição, mas Laurent Gbagbo negou-se a deixar o poder. A crise já deixou, segundo a ONU, cerca de 500 mortos, na maioria civis.