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Tunísia: oposição deixa governo e movimento islamita é legalizado

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Três ministros, entre eles os dois únicos representantes da oposição no gabinete, renunciaram nesta terça-feira ao governo provincial tunisiano, elevando a cinco as renúncias em dois dias, ao mesmo tempo em que o movimento islamita Ennahda (Renascimento) obteve sua legalização.

Os ministros de Ensino Superior e Pesquisas, Ahmed Ibrahim; e de Desenvolvimento Regional e Local, Ahmed Nejib Chebbi, únicos representantes da oposição no gabinete, anunciaram esta terça-feira a renúncia ao governo de transição.

"Apresentei a minha renúncia ao primeiro-ministro", declarou à AFP Ahmed Ibrahim, chefe do partido Ettijadid (ex-partido comunista), após afirmar ter chegado à "convicção de que posso servir mais à revolução estando fora do governo".

Chebbi, dirigente do Partido Democrático Progressista (PDP), anunciou sua renúncia ao governo em entrevista coletiva concedida em um hotel de Túnis.

O ministro adjunto ao premier tunisiano, encarregado das reformas econômica e social, Elyes Juini, renunciou na terça-feira, segundo a agência oficial TAP.

Dois ministros já tinham renunciado na segunda-feira ao governo de transição, um dia depois da renúncia do primeiro-ministro Mohammed Ghanuchi, substituído imediatamente por Beji Caid Essebsi, de 84 anos, liberal que trabalhou para Habib Burguiba (presidente de 1957 a 1987).

Os ministros que renunciaram na segunda-feira foram Mohamed Nuri Juini, do Planejamento e Cooperação Internacional, e Mohamed Afif Chelbi, da Indústria e Tecnologia, que integraram o gabinete de Ben Ali.

Esta onda de renúncias mostra a confusão política em que se encontra o governo de transição que, debilitado por isto, teria aceitado a ideia de uma Assembleia Constituinte, defendida por um grupo de partidos e várias ONGs.

Ainda nesta terça-feira, o movimento islamita tunisiano Ennahda, que foi reprimido durante o regime do presidente deposto Zine El Abidine Ben Ali, foi legalizado 30 anos depois de sua fundação, informou à AFP seu porta-voz oficial, Ali El Aryadh.

"O movimento Ennahda acaba de ser legalizado", declarou Aryadh. "A autorização foi entregue pelo ministério do Interior a Nuredin Bhiri, membro do birô executivo do movimento", acrescentou Aryadh.

O Ennahda havia sido fundado em 1981 por Rached Ghanuchi com intelectuais inspirados na Irmandade Muçulmana egípcia,

No começo da era Ben Ali, em 1987, o Ennahda era tolerado, obtendo nas eleições legislativas de 1989 dezessete por cento dos votos.

Mas depois, o Ennahda sofreu uma dura repressão e nos anos 90, 30.000 militantes e simpatizantes foram detidos.

Rached Ghanuchi, seu fundador, esteve exilado 20 anos em Londres, de onde voltou para a Tunísia pouco depois da queda de Ben Ali.

A situação se acalmou um pouco depois em Túnis: as lojas voltaram a abrir, outras tentavam consertar as vitrines danificadas pela violência do fim de semana que deixou cinco mortos.

O trânsito voltou a circular na avenida central Habib Bourguiba, epicentro do protesto, inclusive com a manutenção dos reforços policiais e militares no entorno do ministério do Interior.

A Anistia Internacional qualificou esta terça-feira de "assessinatos" a morte de várias pessoas na Tunísia, durante a repressão de manifestações nos últimos dias do regime do presidente deposto Zine El Abidine Ben Ali.

Uma fonte vinculada ao governo disse, em 8 de fevereiro, que os mortos somavam 234 desde o início dos distúrbios. No entanto, a repressão das mais recentes manifestações resultou em seis mortes na semana passada em Túnis e Ben Arus, subúrbio do sul da capital.