CAIRO - Um grupo que saiu em passeata para demonstrar apoio ao presidente egípcio, Hosni Mubarak, entrou em conflito nesta quarta-feira com os manifestantes que protestam há mais de uma semana na Praça Tahrir, no centro do Cairo, exigindo a sua renúncia.
Milhares de manifestantes dos dois lados estavam na praça, epicentro das passeatas contra o governo, que hoje completam nove dias. A oposição acusa policiais à paisana de se infiltrarem no protesto na praça Tharir.
Os manifestantes dos dois lados se enfrentaram com violência, atirando pedras uns nos outros, sob o olhar de soldados que assistem a tudo dos tanques parados na praça. Há dezenas de feridos.
Oposição mantém protestos
A oposição egípcia manteve a convocação de grandes manifestações para sexta-feira contra o presidente Hosni Mubarak, apesar do pedido do Exército pelo fim dos protestos que desde a semana passada paralisam o país, informou um dos líderes do movimento.
"Vamos protestar na sexta-feira, que foi batizado de 'Dia da Saída', e esperamos mais de um milhão de pessoas nas ruas de todo o Egito para exigir a queda do regime", disse à AFP Iman Hasan, de um grupo de apoio ao líder opositor Mohamed ElBaradei.
Mais cedo, as Forças Armadas egípcias pediram que os manifestantes encerrem os protestos, em um discurso de um porta-voz militar na televisão estatal. Além disso, o governo atenuou o toque de recolher imposto na sexta-feira passada no Cairo, Alexandria (norte) e em Suez (leste), as cidades egípcias que lideram a revolta popular contra o regime do presidente Hosni Mubarak.
"O Exército pede aos manifestantes que retornem a suas casas para restabelecer a segurança e a estabilidade nas ruas", declarou o porta-voz militar. O pedido das Forças Armadas foi feito um dia depois de Mubarak ter anunciado que não vai disputar as eleições presidenciais de setembro, mas que está decidido a cumprir a totalidade de seu mandato.
O discurso de Mubarak foi rejeitado pelos manifestantes. Milhares de pessoas passaram a noite na Praça Tahrir, no centro do Cairo, desafiando o toque de recolher, e nesta quarta-feira retomaram os protestos para exigir a renúncia do presidente egípcio.
O toque de recolher, desacatado todos os dias por milhares de pessoas, a partir desta quarta-feira terá início às 17H00 (13H00 de Brasília), e não mais às 15H00 como nos últimos dias, e prosseguirá até 7H00 (3H00 de Brasília), ao invés das 8H00.
A agência oficial MENA informou que a decisão foi tomada pelo presidente Hosni Mubarak e será aplicada a partir desta quarta-feira.