Aumenta a pressão sobre o ex-ditador Jean-Claude "Baby Doc" Duvalier, que regressou no domingo ao Haiti após 25 anos de exílio na França, após a Anistia Internacional (AI) assegurar que as autoridades haitianas investigarão os crimes cometidos durante seu governo.
"Celebramos com satisfação o início das investigações por crimes contra a humanidade", explicou nesta sexta-feira Gerardo Ducos, um investigador da AI no Haiti, durante uma coletiva de imprensa.
"É um momento importante para lutar contra a impunidade", disse Ducos.
A AI entregou aos promotores haitianos mais de 100 documentos relacionados aos abusos e violações, enfatizando os casos de tortura, desaparecimentos forçados e crimes extrajudiciais durante o regime de Duvalier (1971-1986), segundo Ducos.
"As vítimas têm o direito de receber indenizações, não apenas economicamente, mas também um reconhecimento moral", afirmou o investigador, acrescentando que "levar os autores dos crimes à justiça é uma das obrigações do Estado".
"A impunidade leva a um terreno no qual os abusos aos direitos humanos continuam", avisou Ducos.
O surpreendente regresso de "Baby Doc" ao país no domingo, dia 16, após ser deposto em 1986 por uma revolta popular, avivou a crise política atravessada pelo Haiti, desatada pelo primeiro turno das controversas eleições presidenciais de 28 de novembro.
Os motivos exatos do retorno de Duvalier à ilha continuam sendo confusos, mas o ex-ditador garantiu que retornava para "ajudar" os haitianos após o devastador terremoto de 12 de janeiro de 2010, que deixou pelo menos 220 mil mortos e mais de 1,3 milhão de desabrigados.