LUANDA - O governo de Angola, que expressou seu temor de que uma guerra se inicie na Costa do Marfim, negou que haja mercenários angolanos espalhados pelo país, como indicam relatórios apontando que o presidente Laurent Gbagbo, que se recusa a deixar o poder, teria recrutado homens armados em Angola e na Libéria para defendê-lo.
"O governo angolano acompanha com muita apreensão o fato de que todas as medidas tomadas até agora pela comunidade internacional conduzem inevitavelmente a uma guerra na Costa do Marfim", alertou um comunicado sobre a crise marfilenha publicado em Luanda.
"O governo angolano denuncia vigorosamente a campanha de difamação segundo a qual mercenários ou soldados angolanos teriam sido vistos na Costa do Marfim", acrescenta o texto.
"A este respeito, o executivo angolano considera que estas falsas informações fazem parte da habitual estratégia de ingerência externa nos assuntos do continente, buscando denegrir seus dirigentes e instituições e manipular ainda mais a opinião pública para justificar a inevitabilidade da guerra".
Alain Le Roy, chefe das missões de paz da ONU, declarou na semana passada que a força de paz das Nações Unidas na Costa do Marfim "verificou que entre os elementos que trabalham no bando de Gbagbo há algumas dezenas de mercenários".
Le Roy revelou a existência de relatórios não confirmados indicando que Gbagbo apelou para a contratação de mercenários para manter-se no poder, e a ONU acredita que ele tenha recrutado alguns homens na Libéria. Outros diplomatas, no entanto, afirmam que há mercenários de Angola.