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Karzai: documentos vazados colocam vida de afegãos em perigo

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Agência AFP

CABUL - O presidente afegão, Hamid Karzai, classificou nesta quinta-feira de irresponsável e escandaloso o vazamento de documentos americanos secretos com os nomes dos informantes afegãos no site Wikileaks, afirmando que isso coloca suas vidas em perigo.

"Meu porta-voz me disse que nesses documentos são revelados os nomes de alguns afegãos que cooperam com as forças internacionais", declarou Karzai, indagado a respeito durante uma coletiva de imprensa em Cabul.

"É extremadamente irresponsável e escandaloso porque isso envolve vidas. E essas vidas agora estão em perigo", denunciou.

"Devemos examinar o contexto em que são mencionados esses nomes, e atuar em consequência. É um assunto muito grave que nos preocupa", acrescentou, insistindo em medidas necessárias para proteger os afegãos que informam às forças estrangeiras arriscando suas vidas.

O jornal britânico The Times afirmou que, depois de apenas duas horas revisando os documentos, foi capaz de encontrar dezenas de nomes de afegãos que, segundo os arquivos, passam informações detalhadas para as forças americanas.

O Times deu como exemplo um documento de 2008 que incluía uma entrevista detalhada com um combatente talibã, que planejava desertar. O homem, que dá nomes de comandantes talibãs e se refere a outros potenciais desertores, aparece identificado por seu nome, assim como seu pai e seu povoado. O que não se especifica é se, por fim, ele desertou.

Em outros documentos, alguns afegãos passam informações sobre os talibãs. Em um relatório de 2007, um alto dirigente acusa personalidades do governo de corrupção. Os documentos também revelam os nomes de mediadores, que facilitaram encontros entre talibãs desejosos de entregar as armas, além dos locais e datas das reuniões com esse objetivo.

O Pentágono criticou energicamente a publicação, no domingo, desses arquivos secretos sobre a guerra no Afeganistão, afirmando que colocava em perigo a vida de informantes afegãos e podia prejudicar o trabalho dos serviços secretos.

O Exército americano abriu formalmente na terça-feira uma investigação criminal sobre o vazamento dos milhares de documentos.

O fundador do site Wikileaks, por sua vez, defendeu a divulgação dos documentos que revelam, segundo ele, que a coalizão internacional pode ter cometido "crimes de guerra".