Agência AFP
QUITO - Grupos surgidos do desarmamento paramilitar na Colômbia buscam tomar o controle de aldeias equatorianas na fronteira para ampliar suas atividades de narcotráfico, denunciou o diretor de Inteligência da Polícia do Equador, Fabián Solano, em entrevista publicada neste domingo em Quito.
Trata-se do bando ''Aguilas Negras'', surgido da desmobilização de 31.000 paramilitares das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC, extrema-direita) entre 2003 e 2006, e integrado por alguns ex-combatentes.
"Estes grupos têm relação com o narcotráfico e tentam apoderar-se de algumas regiões, como acontecia na Colômbia", declarou Solano ao jornal El Comercio de Quito.
O oficial assinalou que esta e outras organizações armadas presentes na fronteira binacional de 750 km também "se dedicam a extorquir, assassinar, cobrar ''pedágio'' a equatorianos que têm negócios nas províncias fronteiriças como Carchi, Sucumbíos e Esmeraldas".
As autoridades equatorianas detectaram igualmente que esses grupos pagam cifras "exorbitantes" pelo arrendamento de propriedades, em localização que facilita a produção e o tráfico de drogas da Colômbia para o Peru.
"Também são frequentes as ameaças e chantagens de que são objeto (os donos dessas propriedades). Então, há um silêncio" geral, acrescentou.
Solano assegurou que as redes de narcotraficantes no Equador "têm alguma relação" com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Negou que seu país "facilite" o tráfico, lembrando que só neste ano foram apreendidas 10 toneladas de drogas e dois submarinos dessa máfia.