Agência AFP
PANAMARIBO, SURINAME - O ex-ditador do Suriname Desi Bouterse, que é processado pela execução sumária de um grupo de opositores e foi condenado por narcotráfico, tornou-se nesta segunda-feira presidente de seu país depois de obter o apoio da maioria no Parlamento.
Bouterse tornou-se presidente sucedendo no cargo Ronald Venetiaan com o apoio da Mega Combinação, o bloco que venceu as eleições parlamentares de maio, ao obter 23 dos 51 assentos do Parlamento.
O ex-ditador obteve o apoio de 36 parlamentares sobre 50, porque Venetiaan (que ocupa a cadeira 51) não participou.
Nessas eleições, os votantes voltaram a entregar o poder a este ex-militar de 64 anos que liderou os golpes de Estado nessa antiga colônia holandesa.
O ex-ditador foi declarado vencedor das eleições em meio ao aplauso dos legisladores, convidados e diplomatas, além de em torno de 200 partidários reunidos nos arredores do edifício do Parlamento.
"Tivemos períodos difíceis", declarou Bouterse depois de saber o resultado da eleição. "Estendo minha mão aos que se sentem opositores. Necessitamos deles e de todos para reconstruir esse país", disse, visivelmente emocionado.
Ele fará o juramento para ocupar o cargo em 3 de agosto, e se espera que apresente seu novo gabinete em meados deste mês.
Venetiaan, por sua vez, declarou esperar que os vencedores "tenham êxito em oferecer ao Suriname e seus cidadãos um período de paz, prosperidade e uma melhor qualidade de vida".
Venetiaan não mencionou o nome de Bouterse nem o felicitou pessoalmente.
Bouterse é alvo atualmente de um processo por execuções cometidas em dezembro de 1982 de 13 civis e dois militares que se opunham a seu regime. Se for condenado, poderá enfrentar até 20 anos de prisão.
Para seus críticos, sua aposta em assumir a presidência é a estratégia para evitar a prisão e assegurar a anistia para todos os envolvidos nos crimes de 1982.
O novo presidente do Suriname também foi condenado em ausência a 16 anos de prisão em um tribunal de Haia em 1999 por tráfico de cocaína.