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Amorim: desfecho de negociação sobre o Irã foi desastroso

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Evie Gonçalves, Portal Terra

BRASÍLIA - O ministro de relações exteriores Celso Amorim afirmou, nesta quarta-feira, que o desfecho das negociações sobre o Programa Nuclear do Irã terminou de forma desastrosa. Ele também disse que não vê cenário favorável para o Brasil continuar intermediando acordo com o Irã.

"Sob sanções, não sei se o Brasil e a Turquia podem continuar tentando um acordo para o programa nuclear", afirmou. O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou, por 12 votos a 2, novas rodadas de sanções ao país. "Eu acho que a resolução de hoje criou desconfiança".

Apenas Brasil e Turquia, intermediadores do acordo assinado no último dia 17 de maio, votaram contra as sanções. Amorim disse que o Brasil vai respeitar as penalidades, apesar de não concordar com elas. "Se tivéssemos votado de outra maneira, teríamos perdido a nossa credibilidade com o Irã", disse.

O ministro avalia que o fato de o Brasil ter votado contra as sanções não prejudica a relação com os Estados Unidos. "Eu não conheço um país grande que não tenha tido discordância com os Estados Unidos ultimamente. Não vamos concordar com as sanções pela necessidade de concordar. Com uma atitude de subserviência, não existe parceria estratégica, e sim, alinhamento automático", explicou Celso Amorim. O ministro concluiu dizendo que avalia que a diplomacia sai fortalecida no processo.

Resoluções

A resolução adotada hoje estabelece novas restrições às operações dos bancos iranianos no exterior por suspeita que tenham vínculos com os programas nucleares e bélicos de Teerã, e aumenta a apuração das transações no exterior de todas as entidades financeiras do país. Endurece o embargo de armas ao Irã e sanciona as três entidades controladas pela empresa estatal iraniana, assim como outras 15 controladas pela Guarda Revolucionária. Reforça o regime de inspeções a navios e aviões iranianos.

Está entre os anexos da resolução o nome de 40 entidades e empresas iranianas que tiveram congeladas seus ativos no exterior, incluindo o nome do responsável pela usina nuclear de Isfahan, Javad Rahiqi, que está proibido de viajar ao exterior.

Acordo

No mês passado, Turquia e Brasil mediaram um acordo de intercâmbio de material nuclear do Irã, na esperança de que isso desse espaço a mais negociações e evitasse as novas sanções. Esse acordo previa que o Irã enviasse aos turcos 1,2 t de urânio enriquecido a 3,5% para resgatar um ano depois 120 kg do material purificado em 20% para um reator de uso médico. EUA e seus aliados, no entanto, disseram que o acordo não altera a recusa do Irã em abandonar o enriquecimento de urânio, conforme exigiam cinco resoluções anteriores do Conselho de Segurança.