Agência AFP
DA REDAÇÃO - O Irã se negará a iniciar novas discussões sobre seu programa nuclear se sofrer sanções por parte da ONU, afirmou nesta terça-feira, em Istambul, o presidente Mahmud Ahmadinejad, advertindo que um acordo como o alcançado com a Turquia e o Brasil sobre uma troca de urânio é algo que não se repetirá.
"Já disse que a administração americana e seus aliados se equivocam se acham que podem esgrimir a ameaça de uma resolução e depois sentar à mesa para negociar conosco. Isso não vai acontecer", sentenciou durante coletiva de imprensa.
Ahmedinajed pediu às potências ocidentais que aceitem o acordo elaborado entre o Irã, a Turquia e o Brasil sobre uma troca de combustível nuclear em território turco, afirmando que se trata de uma oportunidade única.
"Este acordo é uma oportunidade para o governo americano e seus aliados (...). Espero que a utilizem bem. As oportunidades não se repetirão", enfatizou.
"Discutiremos com todos", disse ainda, exigindo "respeito e justiça".
"Se tentarem falar conosco de maneira brutal, com um tom de dominação, já conhecem nossa resposta".
O presidente iraniano se encontra em Istambul para assistir a um foro regional de segurança na Ásia, no qual também participa, entre outros, o primeiro-ministro russo Vladimir Putin, que assegurou que a comunidade internacional já praticamente chegou a um acordo sobre as novas sanções contra o Irã.
O Conselho de Segurança a ONU tem previsto se reunir nesta terça para discutir um projeto de resolução com novas sanções contra o Irã, cujos patrocinadores, começando pelos Estados Unidos, esperam obter a aprovação esta semana.
"Trabalhamos muito e acreditamos que praticamente se chegou a um acordo", afirmou Putin em uma coletiva de imprensa realizada junto a seu colega turco Recep Tayyip Erdogan, à margem de uma cúpula.
"Nosso ponto de vista é que essas decisões não devem ser excessivas e não devem colocar o povo iraniano numa posição difícil, que poderia obstruir o caminho para um uso pacífico da energia nuclear", acrescentou o chefe de Governo russo citado pela agência russa Itar-Tass.
Já o secretário de Defesa americano, Robert Gates, afirmou, em Londres, que espera que as sanções sejam adotadas em breve.
"Sou otimista que uma resolução será aprovada muito em breve", declarou Gates em coletiva de imprensa, depois de se reunir com seu colega britânico Liam Fox.
O secretário estimou, por outro lado, que não é tarde demais para evitar que o Irã se dote de uma arma nuclear.
"Não creio que tenhamos perdido a oportunidade de impedir que os iranianos desenvolvam armas nucleares", acrescentou Gates.
As potências ocidentais suspeitam que o Irã que dotar-se de armas atômicas usando como desculpa o programa nuclear civil, o que Teerã nega.
Brasil e Turquia, membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU, se opõem a novas sanções contra Teerã e concluíram em meados de maio um acordo com o Irã prevendo uma troca, em Ancara, de urânio iraniano pouco enriquecido por combustível nuclear enriquecido a 20%, proporcionado pelos ocidentais para um reator de pesquisa científica em Teerã.
Essa proposta foi recebida com desconfiança pelas grandes potência, que a consideram uma manobra de distração iraniana para evitar novas sanções.