Jornal do Brasil
MOSCOU - O Quarteto para o Oriente Médio se esforçou sexta-feira em Moscou para reativar as paralisadas negociações de paz entre Israel e os palestinos, ao exortar o governo de Benjamin Netanyahu a interromper a colonização na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
O grupo, formado por Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU, pediu a Israel o cessar de todas as atividades de colonização e se declarou profundamente preocupado com a situação em Gaza, em um comunicado lido pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
O Quarteto urge ao governo de Israel o congelamento de todas as atividades de assentamento, incluindo crescimento demográfico natural, o fim dos postos avançados edificados desde março de 2001 e a evitar as demolições e desalojamentos em Jerusalém Oriental , afirma o texto.
O grupo já condenara, na semana passada, o anúncio de Israel de autorização para a construção de 1.600 novas casas no setor oriental anexado de Jerusalém.
Israel reagiu poucas horas depois da leitura do comunicado e afirmou que o texto deixa mais distantes as chances de um acordo de paz, segundo o chanceler israelense, Avigdor Lieberman.
Gaza
O comunicado do Quarteto também manifestou preocupação com a situação de Gaza, uma área empobrecida onde vivem 1,5 milhão de habitantes, e que sofre um bloqueio de Israel e do Egito desde que o movimento radical Hamas assumiu o controle da área em 2007 e tenta se recuperar da ofensiva de três semanas executada por Israel, entre o fim de 2008 e o início de 2009, para impedir os disparos de foguetes contra seu território.
O Quarteto manifestou o desejo de que as negociações entre Israel e a Autoridade Palestina (que controla a Cisjordânia) alcancem um acordo em um prazo de 24 meses, assumindo a proposta feita em janeiro pelo negociador americano George Mitchell.
O acordo acabaria com a ocupação que começou em 1967 e resultaria no surgimento de um Estado palestino independente, democrático e viável, que viveria lado a lado e em paz e segurança com Israel e os outros vizinhos , afirma o texto lido pelo secretário-geral da ONU.
A reunião teve as presenças da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, do chanceler russo Serguei Lavrov, a chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton, além do secretário-geral da ONU e do representante do Quarteto, o ex-premier britânico Tony Blair.
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, aumentou um pouco depois a pressão sobre o governo de Netanyahu, ao expressar em Londres uma "séria preocupação" com a decisão israelense de ampliar a colonização em Jerusalém Oriental.