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Candidatos a presidente do Chile se enfrentam em debate

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Agência Brasil

SANTIAGO - Pela primeira e única vez, os candidatos a presidente do Chile, o empresário Sebastián Piñeira (Alianza) e o governista e ex-presidente Eduardo Frei Ruiz (Concertación), se enfrentaram nesta segunda-feira à noite em um debate.

O debate ocorreu a seis dias do segundo turno das eleições. Em duas horas houve perguntas, respostas e provocações mútuas. Piñeira reiterou seu discurso sobre a necessidade de mudanças, enquanto Frei afirmou ter ouvido o alerta das urnas, no primeiro turno.

No primeiro turno, realizado em 13 de dezembro do ano passado, o candidato da direita, Piñeira, saiu na frente com 44,23% , enquanto o esquerdista Frei conseguiu 30,5%. O destaque ontem durante o debate, do qual fizeram parte vários jornalistas de veículos diferentes, foi o esforço dos dois candidatos de buscar meios para ampliar as ofertas de empregos.

Piñeira disse que vai criar 1 milhão de empregos, mas Frei rebateu, informando ser impossível atingir esta meta. Segundo o ex-presidente da República, no máximo poderiam ser criadas 800 mil oportunidades de trabalho. O empresário devolveu afirmando que quando foi presidente da República (de 1994 a 2000), Frei criou apenas 50 mil postos de trabalho.

De acordo com a imprensa chilena, o debate teve momentos de tensão, uma vez que o formato do encontro permitiu que Piñeira e Frei ficassem frente a frente e, em algumas situações, lado a lado. Apontado como alvo de simpatias de correligionários do ex-presidente Augusto Pinochet, Piñeira desconversou, afirmando que formará um governo com uma "nova geração de chilenos" e negou a existência de representantes do antigo regime na sua equipe, embora não considere isso "um pecado".

Com o apoio de vários partidos, Frei foi questionado sobre como conseguirá governar com a presença de tantas forças política na sua base de governo. Segundo ele, mesmo sendo um governo suprapartidário terá liberdade e autonomia. De acordo com o ex-presidente, todos os governos conseguem atuar com o apoio de tantos partidos políticos.

No próximo dia 17 (domingo), cerca de 9 milhões de eleitores chilenos devem ir às urnas. O primeiro turno das eleições não estimulou o eleitorado chileno. Dois candidatos foram tirados do páreo: o independente Marco Enriquez-Ominami Gumucio e o de extrema esquerda, Jorge Arrate.

Nos último dias, Frei e Piñeira se esforçaram para conquistar o eleitorado de Enriquez-Ominami, que obteve 14% dos votos, no primeiro turno. Oficialmente, o independente negou que apoiaria um dos candidatos, mas nos bastidores aceitou conversar com Frei Rui. Arrate, por sua vez, que obteve pouco mais de 5% dos votos, declarou apoio ao ex-presidente da República.

Uma das surpresas destas eleições foi que a presidente do Chile, Michelle Bachelet, que recentemente obteve 81% do apoio popular, não conseguiu transferir votos para seu candidato Frei. Segundo especialistas, no país não há a tradição de transferência de votos porque a presidente não pode participar diretamente das campanhas, embora nos bastidores atue.