Jornal do Brasil
DA REDAÇÃO - O presidente norte-americano, Barack Obama, embarcou quinta-feira em sua primeira viagem presidencial à Ásia, determinado a fortalecer os laços com um continente considerado estratégico para os EUA, com peso econômico crescente e marcado pela emergência da China como novo poder regional e global. Sua passagem por Pequim será o ponto crucial de um roteiro que começa no Japão e inclui Coreia do Sul e Cingapura, onde participará de um encontro da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, na sigla em inglês). A viagem vai durar nove dias.
A economia será o tema mais frequente nos encontros que Obama terá com diversas autoridades, mas a Casa Branca também aproveitará a viagem para desenvolver seu relacionamento com o novo governo japonês e a Coreia do Norte, país que incomoda os EUA com seu polêmico programa nuclear. A mudança climática global e a nova estratégia dos norte-americana para o Afeganistão também serão tópicos importantes.
Vou me reunir com líderes para discutir uma estratégia de crescimento que seja, ao mesmo tempo, equilibrada e amplamente compartilhada resumiu Obama, na Casa Branca, antes de partir rumo ao Japão. É uma estratégia na qual os mercados da Ásia e do Pacífico estão abertos às nossas exportações, e na qual a prosperidade ao redor do mundo não depende mais do consumo e da tomada de empréstimos norte-americanos, e sim da inovação e dos nossos produtos.
Obama será recebido sexta-feira em Tóquio pelo novo primeiro-ministro japonês, Yukio Hatoyama, que tem pleiteado mais independência de seu país em relação aos EUA e também fala em rever um acordo bilateral para realocar uma base naval norte-americana em Okinawa.
A modernização da aliança militar também estará em pauta na Coreia do Sul, país que abriga bases norte-americanas desde 1953, quando o confronto com a Coreia do Norte terminou em um armistício.
Coreias em conflito
Quinta-feira, a Coreia do Norte disse que o Sul irá pagar caro por ter disparado, na terça-feira, contra um barco de patrulha norte-coreano, num incidente que agrava a tensão entre os dois países.
A ameaça, publicada no diário estatal Rodong Sinmun, ocorre em meio a relatos de que funcionários de ambos os lados teriam se reunido recentemente para discutir uma possível cúpula entre seus líderes, mas sem chegar a um acordo.
Envio de tropas ao Afeganistão exigiria plano de retirada
Antes de partir rumo ao Japão, Barack Obama pressionou seus assessores militares a reverem as opções estratégicas disponíveis para a guerra do Afeganistão e a esclarecerem como e quando as tropas norte-americanas conseguiriam transferir as tarefas de segurança ao governo afegão, disse uma fonte do governo. Diante de um crescente ceticismo da opinião pública a respeito do conflito, que já dura oito anos, Obama busca respostas claras antes que decida sobre o aumento do contingente norte-americano naquele país.
Segundo fontes da Casa Branca, Obama ainda não se decidiu entre as propostas que lhe foram apresentadas, e as deliberações devem continuar durante sua viagem à Ásia. Seu porta-voz insistiu que a decisão pode levar semanas, mas adiantou que, entre as quatro opções estratégicas disponíveis, havia entre alguns assessores um crescente apoio ao envio de pelo menos 30 mil soldados adicionais.
Obama também parece inclinado a jogar um ônus maior sobre o presidente afegão, Hamid Karzai, cuja credibilidade está em xeque depois da sua tumultuada reeleição, marcada por suspeitas de fraude.
O presidente acredita que precisamos deixar claro ao governo afegão que nosso compromisso não tem um fim indefinido disse a fonte oficial.