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Evo Morales conquista eleitores com carisma e dinheiro

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Eduardo García, REUTERS

TINGUIPAYA, BOLÍVIA - Dar dinheiro para famílias pobres, fazer discursos apaixonados contra empresas e aprovar pesados gastos sociais estão ajudando o presidente boliviano, Evo Morales, em sua forte campanha para a reeleição.

Mas seus partidários mais fervorosos, que construíram um culto de personalidade em torno dele, dizem que a identificação de Morales com suas raízes de índio pobre são a verdadeira razão de sua popularidade.

Morales, um aimará que na infância cuidava de um rebanho de lhamas, perdeu quatro irmãos por causa da pobreza e nunca completou o ensino fundamental. Em 2006 ele se tornou o primeiro presidente de origem índia da Bolívia, obtendo forte apoio da população indígena, majoritária no país.

Sua luta pessoal contra a pobreza se iguala a de muitos nesta nação andina de 10 milhões de habitantes.

- Evo vai ganhar novamente porque tem muito apoio de pessoas que o amam em toda a parte porque ele é um índio. Ele é um de nós - diz Claudio Checa, camponês de Tinguipaya, uma remota vila quíchua de casas de argila e estradas de terra, onde Morales fez uma parada na campanha durante o fim de semana.

Morales deve conseguir mais da metade dos votos na eleição de 6 de dezembro, de acordo com uma pesquisa recente, enquanto seu rival mais próximo, o ex-governador de Cochabamba Manfred Reyes, está bem atrás, com cerca de 20 por cento dos votos.

- As pessoas se identificam com Morales e elas o apoiam porque ele é como elas, quer governe bem ou não - diz o cientista político Franklin Pareja.

Checa, de 38 anos, disse que a ajuda em dinheiro e os hospitais e escolas que Morales construiu o tornaram popular, mas o fato de ele ter ido a Tinguipaya é quase tão importante.

- Outros presidentes nunca vieram aqui. Eles nem sequer notaram que nós existimos - disse ele.

Grande esbanjador

Morales gasta cerca de 320 milhões de dólares por ano em subsídios para encorajar os pais a manterem os filhos nas escolas, em incentivos para persuadir mulheres grávidas e se submeter a exames regulares e reduzir a alta mortalidade infantil.

Os cofres do governo estão cheios de dinheiro por causa do alto preço das exportações de gás natural da Bolívia, mas também porque Morales nacionalizou a indústria energética e obrigou as empresas estrangeiras a pagarem mais impostos.

Além disso, o principal aliado de Morales, o presidente venezuelano Hugo Chávez, deu à Bolívia mais de 200 milhões de dólares, que Morales gastou em centenas de projetos sociais, fazendo os críticos dizerem que ele usou dinheiro estrangeiro para comprar apoio interno.