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HAIA - Juízes do Tribunal Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia determinaram nesta quinta-feira que o julgamento do ex-dirigente sérvio-bósnio Radovan Karadzic, acusado de crimes de guerra, comece em 26 de outubro.
Karadzic, 64 anos, que tentou sem sucesso que o julgamento fosse adiado e as acusações contra ele arquivadas, pode ser condenado à prisão perpétua por 11 acusações de crimes de guerra, crimes contra a humanidade, homicídio, deportação, terrorismo e ataques ilegais contra civis, durante a guerra que resultou na independência da Bósnia, com um saldo superior a 100 mil mortes.
Ele também responde por duas acusações de genocídio, relativas ao cerco de 43 meses contra Sarajevo e ao massacre, em 1995, de 8.000 homens e meninos muçulmanos em Srebrenica.
Preso no ano passado e deportado para o tribunal de Haia, após 11 anos foragido, Karadzic nega todas as acusações e advoga em causa própria. Ele alegou que o ex-mediador de paz Richard Holbrooke lhe havia oferecido imunidade, em 1996, se ele abandonasse a vida pública, o que ocorreu.
O norte-americano Holbrooke nega repetidamente essa afirmação, e nesta semana o tribunal também rejeitou a tese da imunidade, bem como o pedido para que o julgamento fosse adiado em dez meses, de modo que Karadzic tivesse tempo para se preparar.
Em todas as audiências preliminares no último ano, Karadzic contestou o tribunal, eventualmente elevando o tom de voz. Repetia assim o comportamento do ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, que também advogava em causa própria. Milosevic morreu em 2006, após quatro anos de um julgamento que não chegou a ser concluído.