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ENTREVISTA-Rússia e EUA precisam definir ameaça de mísseis

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REUTERS

MOSCOU - A Rússia e os Estados Unidos precisam chegar a um acordo sobre a origem das ameaças que enfrentam, antes que possam cooperar num sistema de defesa antimísseis, disse à Reuters o negociador russo Sergei Ryabkov, que é também vice-chanceler do país.

Na opinião dele, a decisão do governo de Barack Obama de abandonar os planos para a montagem de um escudo antimísseis no Leste Europeu, ao qual a Rússia se opunha, melhorou o clima político, mas deixou em aberto algumas questões básicas.

Ryabkov representou Moscou na primeira rodada de negociações com os EUA para discutir os sistemas antimísseis, na segunda-feira, véspera de o assunto ser tratado pela secretária de Estado Hillary Clinton como parte da sua visita à Rússia.

- Antes de começarmos a falar da cooperação técnica, precisamos ter uma vontade política, precisamos responder a questões políticas básicas --temos avaliações similares quanto aos desafios para a segurança do mundo - disse ele em entrevista na terça-feira.

O governo de George W. Bush pretendia instalar um radar na República Tcheca e um interceptador de mísseis na Polônia, para repelir possíveis ataques de países como o Irã.

A Rússia via nesse projeto uma invasão da sua tradicional esfera de influência, e questionava a justificativa oficial dos EUA, alegando que o Irã não tinha capacidade de construir mísseis com alcance para atingir a Europa.

Ao anunciar que abandonaria o projeto do seu antecessor, Obama disse que a Rússia deveria ajudar os EUA a moldar um escudo antimísseis para a Europa. Mas o novo esquema proposto por Washington, que se baseia na instalação de interceptadores de mísseis em terra e no mar, provocou alarme entre alguns diplomatas e generais em Moscou. O embaixador russo junto à Otan, Dmitry Rogozin, disse que a nova proposta gerava riscos ainda maiores, mas foi prontamente desmentido pelo Kremlin.

Céticos em Moscou temem que os mísseis dos EUA possam agora chegar ainda mais perto das fronteiras russas, como por exemplo na Ucrânia. Washington nega tal intenção.

Foram organizadas consultas em Moscou para esclarecer a situação e examinar possíveis novas formas de cooperar.

- (Os norte-americanos) deram explicações muito detalhadas sobre os planos de defesa antimísseis de Obama - disse Ryabkov. - Mas a nova base da defesa antimísseis ainda coloca muitas questões. A primeira delas é como (...) será configurada, onde os elementos serão instalados.