Agência ANSA
MONTEVIDÉU - Os presidentes do México, Felipe Calderón, e do Uruguai, Tabaré Vázquez, ressaltaram nesta sexta-feira a necessidade de negociar o fim do conflito diplomática entre Colômbia, Venezuela e Equador, ocasionado pelo possível acordo militar com os Estados Unidos.
"O México está disposto a intermediar sempre e quando for assim considerado e aceito pelas partes", ratificou Calderón, que já havia feito tal declaração ontem na Colômbia, primeira etapa de seu giro por alguns países da América do Sul.
A crise entre Equador, Venezuela e Colômbia foi intensificada quando o governo de Álvaro Uribe anunciou a negociação de um tratado com os EUA, que prevê o envio de um contingente de até 1.400 norte-americanos (entre militares e civis) a sete bases colombianas. Segundo o país, o acordo é parte da cooperação bilateral na luta contra o terrorismo e o tráfico de drogas.
Os governos da Venezuela e Equador, por outro lado, repudiam a presença de militares norte-americanos na região e dizem que isso representa uma "ameaça" para a soberania latino-americana.
O presidente mexicano, que se reuniu esta manhã com Vázquez em Montevidéu, comentou ainda que não apoia a presença militar norte-americana, mas que "respeita" a decisão de Bogotá e Washington.
"Em nenhum momento disse que apoiava o estabelecimento de bases dos Estados Unidos na Colômbia, mas respeitamos a decisão que cada país assume em função de proteger sua soberania", afirmou em coletiva de imprensa.
Segundo o mandatário mexicano, a América Latina "tem muitos problemas e os conflitos entre os países não contribuem para resolvê-lo", mas "faço votos para que além das nossas diferenças tenhamos sempre a sensatez de resolvê-los pela via do diálogo", completou.
Vázquez, por sua parte, ratificou sua contrariedade à presença de militares norte-americanos e também demonstrou disposição em mediar a crise diplomática.
Na coletiva, Vázquez anunciou que irá à Cúpula extraordinária da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), que ocorrerá no próximo dia 28 na cidade argentina de Bariloche e abordará o assunto.
"Vou participar da reunião da Unasul em Bariloche. Recebi o convite da presidente da Argentina, Cristina Fernández (de Kirchner, ndr.), que também informou que Álvaro Uribe estará", disse.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também confirmou sua participação no encontro. O grupo se reuniu na última segunda-feira, no Equador, sem a presença de Uribe, que não participou sob o argumento de que seria alvo de represálias.
Desde março de 2008, o governo equatoriano não mantém relações diplomáticas com a Colômbia, devido à incursão militar colombiana realizada ilegalmente contra um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no Equador.
Já a Venezuela mantém congeladas as relações com o país vizinho desde o último dia 28, quando chegou a retirar seu embaixador, Gustavo Márquez, do país. Ele já retornou ao posto.