Jornal do Brasil
DA REDAÇÃO - O governo interino hondurenho liderado pelo presidente em exercício Roberto Micheletti, anunciou domingo em cadeia de rádio e televisão a suspensão do toque de recolher noturno, em vigor no país desde 28 de junho, quando o presidente Manuel Zelaya foi deposto. Micheletti havia justificado o toque de recolher como uma medida para evitar ações violentas dos simpatizantes do presidente destituído. Durante a vigência da medida, foram registradas explosões noturnas de granadas contra uma sede judicial e a sede de uma TV do governo.
Em Washington, Zelaya teve domingo seu primeiro encontro com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, após o início do processo de mediação de diálogo pelo presidente costarriquenho, Óscar Arias. Zelaya viajou a capital americana durante o fim de semana para retomar o contato com as autoridades americanas e o chefe da OEA, que condenaram o golpe militar que o expulsou de Honduras.
Patricia Esquenazi, porta-voz de Insulza, qualificou o encontro como privado e não quis dar informações sobre o que foi discutido. No entanto, disse que o chefe da OEA continua avaliando como positivas as reuniões em San José desta semana para tentar aproximar Zelaya e o presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti.
Após o encontro com Insulza, Zelaya viajou para Santiago para participar de uma reunião do Clube de Madri, que agrupa cerca de 70 ex-chefes de Estado. Terça-feira, Insulza explicará a crise em Honduras à Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados chilena.
No sábado, Zelaya se reuniu com o secretário de Estado adjunto para a América Latina dos Estados Unidos, Thomas Shannon, e o conselheiro adjunto de Segurança Nacional da Casa Branca para a região, Dan Restrepo.
Chávez
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, alertou, em seu programa dominical de rádio e televisão Alô presidente, que Manuel Zelaya voltará para seu país a qualquer momento , e que aparecerá em qualquer lugar do país .
Chávez deu a entender que a presença de Zelaya em Honduras poderia causar um movimento cívico militar, que teria o objetivo de criar uma base de ação para que Zelaya recupere o poder. Chávez afirmou que o governo interino não tem o controle absoluto das Forças Armadas e disse ainda que não estranharia se oficiais a favor do presidente deposto fizerem pronunciamentos pedindo o retorno de Zelaya.
O venezuelano também voltou a pedir ao presidente americano, Barack Obama, que pare com ambiguidades e tome medidas mais firmes contra o novo governo hondurenho.
Deixe de ambiguidades, você não nos engana com esse discursinho e esse sorriso. O senhor está sendo testado. Demonstre se está disposto a enfrentar os falcões, e se não, é melhor que saia do assunto disse Chávez.
O líder venezuelano também denunciou a detenção e posterior libertação de vários jornalistas da Venezuela por ordem do novo governo de Honduras, que os mantém atualmente em um hotel de onde não podem sair, de acordo com Chávez.
De maneira covarde, o governo de 'Gorileti' mandou deter os jornalistas do canal oito e da Telesur, e depois os soltaram, mas agora estão no hotel e não os deixam sair disse Chávez, usando uma das formas depreciativas com as quais seu governo se refere a Roberto Micheletti.
Zelaya foi expulso do país por militares em 28 de junho, quando desafiou a proibição judicial para uma consulta popular sobre uma eventual reforma constitucional que permitiria sua reeleição, assim como fizeram seus aliados na Venezuela, Bolívia e Equador.