ASSINE
search button

EUA: programa secreto divide Congresso

Compartilhar

Jornal do Brasil

DA REDAÇÃO - O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Dick Cheney deu ordens expressas à Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) para esconder do Congresso um programa de inteligência, segundo relatos da mídia americana. A existência do projeto, criado após o 11 de Setembro, foi mantida em segredo por 8 anos. Detalhes do programa secreto ainda não foram divulgados, mas fontes dizem que ele não está relacionado a métodos de interrogatório ou ao polêmico projeto de vigilância interna.

Segundo informações do jornal The New York Times o programa teria sido lançado por agentes antiterrorismo pouco após os ataques de 2001 e envolveria planejamento e treinamento de tropas, mas nunca teria funcionado de forma plena.

Membros do Congresso deram respostas diferentes quando questionados sobre a relevância do projeto. A maioria dos entrevistados pelo jornal, no entanto, disse que tratava-se de uma atividade importante que deveria ter sido revelada aos comitês de inteligência.

O atual diretor da CIA, Leon Panetta, que assumiu o cargo na administração do presidente Barack Obama, teria abandonado o programa assim que descobriu sua existência no mês passado, através de subordinados. No dia seguinte, ele convocou uma reunião de emergência com o comitê de inteligência do Congresso para falar do programa e de seu cancelamento.

De acordo com uma fonte que não foi identificada, Panetta disse à Casa dos Representantes que Cheney estava por trás do pedido de segredo, mas o ex-vice-presidente ainda não se pronunciou sobre o assunto.

Ações rápidas

A CIA também se negou a comentar o possível envolvimento de Cheney.

Não faz parte das práticas da agência discutir o que foi ou não foi dito em uma reunião sigilosa disse o porta-voz Paul Gimigliano. Quando uma unidade da CIA trouxe este assunto ao conhecimento do diretor Panetta, foi com a recomendação de que ele fosse discutido de forma apropriada com o Congresso. Esta também era sua visão, e ele tomou ações rápidas e definitivas para colocar isso em prática.

As alegações vêm à tona em um momento em que os democratas tentam aprovar novas regras que aumentariam o número de parlamentares com conhecimento das operações secretas. A Casa Branca está ameaçando vetar a lei, por medo de que o sigilo das operações fique comprometido. A questão de como a CIA informou o Congresso a respeito de programas sensíveis já estava sendo fervorosamente discutida entre democratas e republicanos desde maio, quando a presidente da Câmara Nancy Pelosi acusou a agência de não ter revelado, em 2002, que estava torturando um suspeito de terrorismo acusação que Panetta negou.

A lei obriga o presidente a garantir que os comitês de inteligência estejam plena e constantemente informados das atividades de inteligência dos Estados Unidos, incluindo revelar de forma antecipada qualquer atividade relevante. Mas o emendado Ato de Segurança Nacional de 1947, dá ao estatuto uma margem de interpretação, indicando que algumas instruções devem ser feitas para que combinem proteção e descobertas não autorizadas de informações arquivadas relacionadas a fontes de inteligência e métodos ou outros assuntos excepcionais .

O deputado democrata Jan Schakowsky escreveu ao democrata Silvestre Reyes, do Texas, que preside o Comitê de Inteligência, para pedir uma investigação do programa não identificado e perguntar por quê o Congresso não fora informado. Aides disse que Reyes estava revendo o assunto..

Historicamente, tem sido difícil conseguir que a CIA nos diga o que deve nos dizer criticou o deputado democrata Adam Smith. Nós precisamos estar a par de tudo que a agência faz.

O republicano Peter Hoekstra, presidente da Comissão de Inteligência da Câmara de Representantes, disse que não julgará duramente a agência no caso do programa porque não é totalmente operacional. Mas acrescentou que, em geral, a agência não tem cooperado como pede a lei.

Somos obrigados a pressioná-los para termos o que precisamos disse Hoekstra.