Agência AFP
ROMA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira, ao fim da reunião do G8 em L'Aquila, na Itália, que a crise em Honduras não é fácil de se resolver. - Essas coisas, muitas vezes, levam dias para se resolver. Se fosse fácil, já estaria tudo resolvido - declarou Lula, ao ser perguntado sobre a situação no país da América Central.
Em L'Aquila, Lula e o presidente mexicano Felipe Calderón condenaram o "golpe de Estado" em Honduras e prometeram trabalhar para fortalecer a unidade latino-americana.
Sem as presenças do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e de seu sucessor designado pelo Congresso, Roberto Micheletti, os negociadores dos dois lados prosseguem nesta sexta-feira em San José o diálogo para solucionar a crise política hondurenha com a mediação de Oscar Arias.
Depois de muitas horas de reuniões na residência privada do presidente da Costa Rica, as duas delegações concordaram que Arias prossiga como mediador do processo e que a Constituição de Honduras é a referência para restabelecer a ordem, alterada pelo golpe de Estado de 28 de junho que acabou com a expulsão de Zelaya do poder e do país.
Também concordaram que a situação em Honduras, objeto de forte pressão internacional, Estados Unidos à frente, é insustentável.
Para Arias, qualquer solução para a crise política em Honduras passa pelo retorno ao poder de Zelaya.
Apesar dos resultados fracos de um dia intenso em que Zelaya e Micheletti evitaram se encontrar em suas respectivas reuniões com Arias, o chanceler costarriquenho, Bruno Stagno, considera que o fato de ambos terem visitado a mesma casa para abordar a mesma agenda indica um avanço do processo.
Ele espera que nesta sexta-feira seja possível estabelecer pautas e fixar datas para uma eventual reunião dos adversários, que já deixaram San José.
Micheletti retornou a Tegucigalpa e Zelaya viajou para a Guatemala, antes de seguir para a República Dominicana. O presidente de fato, que na quinta-feira fez sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o poder, se declarou feliz com a missão e disse estar disposto a retornar a Costa Rica quando Arias solicitar sua presença.
No entanto, repetiu o que vem afirmando desde que foi designado presidente pelo Congresso: "O único tema que não vamos discutir é o retorno de Manuel Zelaya, a menos que se apresente à justiça".
Zelaya também concorda que sua restituição ao poder é o único ponto que não deve ser debatido.