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Presidente paraguaio cogita promover referendo constitucional

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Agência ANSA

ASSUNÇÃO - O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, revelou nesta terça-feira que pensa em convocar um referendo constitucional. A consulta poderia incluir uma avaliação do Poder Legislativo, criticado por aliados do governo.

- Estamos analisando a possibilidade de levar adiante um referendo amplo, que não envolva apenas o Poder Executivo - afirmou o mandatário.

Lugo assegurou, no entanto, que "não quer levar a juízo nenhum poder do Estado, mas apenas ouvir os que votaram em nós".

O anúncio foi feito pelo presidente um dia após o bispo Mario Medina, próximo a ele, ter pedido à população que se mobilizasse para "desautorizar" o Congresso.

O religioso acusou os parlamentares de travarem as ações do governo e aprovarem leis apenas "para gastar dinheiro público e empobrecer o país".

O chefe de gabinete da presidência e homem forte do governo, Miguel López Perito, também disse considerar necessário "que as pessoas se pronunciem sobre a gestão parlamentar".

Após falar sobre o possível referendo, Lugo recebeu na sede de governo o líder camponês Elvio Benítez e o dirigente sem-teto Gilberto Cáceres, que também criticam a atuação do Parlamento.

Benítez, amigo pessoal de Lugo, há tempos questiona os Poderes Legislativo e Judiciário. Cáceres, por sua vez, convocou para o dia 19 uma mobilização contra o Congresso, o Poder Judiciário e o Ministério Público.

Por sua vez, o presidente do Parlamento, Enrique González (da oposição), disse acreditar que por trás de todas as críticas está a intenção de dissolver o Congresso.

- Este governo quer a qualquer preço destruir as instituições para fazer um novo modelo, de acordo com a sua vontade - declarou.

A senadora Lilian Samaniego, presidente do Partido Colorado, sigla que esteve à frente do país durante 61 anos antes da eleição de Lugo, ameaçou denunciar o bispo Medina à representação diplomática do Vaticano.

O vice-presidente, Federico Franco, que acumula desentendimentos com o mandatário, disse que "não convém" realizar consultas sobre o trabalho do Congresso.