Marcelo Ambrosio, Jornal do Brasil
BRASÍLIA - A descoberta do leme de cauda praticamente inteiro, boiando no Atlântico, deve dar algumas respostas aos investigadores que tentam descobrir as causas da tragédia com o AF447. Segundo o piloto e comandante, especialista em segurança de vôo, Douglas Machado, especialistas em análise de destroços vão observar provavelmente com a ajuda de microscópios o tipo de fratura apresentada pela peça, que se destacou inteiramente da cauda da aeronave.
Dependendo do ângulo e da posição do rasgão sabe-se onde começou e onde aconteceria a ruptura completa avalia. Sinais de queima, como pequenos chamuscados, também indicariam a movimentação da aeronave.
Outro dado crucial é a localização do leme. Se recuperado na área próxima onde se acredita que o jato chocou-se com o mar, a separação teria se ocasionado pelo impacto. Mas, levando em conta a corrente, se o local é distante, há a possibilidade de a quebra ter ocorrido em uma altitude mais elevada, o que deixaria a aeronave ingovernável.
Calculando a grosso modo a distância normal de perda de altitude, 300 metros a cada 3 milhas, a perda normal de altitude a partir do último ponto de contato levaria a uma distância de em torno de 200 quilômetros. Se eles acharam o leme perto, a 70 quilômetros do contato, isso reforça uma razão de descida muito agressiva explica Machado. Outro ponto importante é a própria estrutura da peça, que é feita em moldes ocos (honeycomb) de fibras de carbono especiais, cuja trama é calculada para dar maior resistência ao ar e menor maleabilidade, ao contrário da fibra das asas. O ângulo fechado implica em dureza extrema e a quebra por completo é algo bastante inusitado que estaria relacionado a uma pressão estrutural muito superior a que o material poderia aguentar.