Jornal do Brasil
LÍBANO - O papel do Exército de guerrilha do Hezbollah, que é mais forte que as Forças de Segurança do Estado, tem sido um dos principais pontos de contenção entre a aliança anti-Síria, conhecida como aliança 14 de março , e a coalizão 8 de março , que inclui o Hezbollah. Os líderes da 14 de março acusaram o Hezbollah de ter carregado o Líbano para a guerra de 2006 e usar suas armas para impor sua vontade no país em 2008, quando o grupo e seus aliados tomaram à força o lado predominantemente muçulmano de Beirute, impondo de forma efetiva seus termos para o fim de um conflito político de 18 meses.
Líderes da 14 de março continuam a clamar por um monopólio sobre as armas, demanda ecoada por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Mas o Hezbollah jurou manter as armas que alega serem vitais para defender o Líbano de Israel. Sua postura não deve mudar a curto ou médio prazo, independentemente do resultado das eleições. O manifesto eleitoral do político cristão Michael Aoun, aliado do Hezbollah, reconhece formalmente o papel da resistência popular na defesa do Líbano.
Síria
Retirar o Líbano da órbita síria tem estado no coração da agenda do grupo 14 de março desde o assassinato do primeiro-ministro Rafik al Hariri, enquanto muitos dos líderes do 8 de março têm ligações próximas com Damasco. Logo após a morte de Hariri, a Síria cedeu às pressões internacionais e encerrou sua presença militar de 29 anos no Líbano.
Agora Damasco encara outra demanda internacional ao estabelecer relações diplomáticas com seu vizinho menor, pela primeira vez desde a independência deste país. A Síria ainda é pressionada pelo 14 de março e pela ONU para que demarque sua fronteira com o Líbano. Os líderes do 14 de março também acusam a Síria de armar grupos palestinos baseados no Líbano.
Hariri
O estabelecimento de um tribunal internacional para julgar suspeitos no assassinato de Hariri foi outro principal objetivo dos políticos anti-Síria que culpam Damasco pela morte. A questão foi central no conflito político com aliados da Síria no Líbano, e planos para o tribunal nunca foram aprovados pelo Parlamento libanês ou o presidente.
O Conselho de Segurança votou em maio de 2007 para criar o Tribunal Especial do Líbano, que começou a funcionar em março, em Haia. Mais uma vez, o Hezbollah questionou a neutralidade de um inquérito internacional para o assassinato, após o tribunal ter ordenado a libertação de quatro generais pró-Síria detidos sem acusações desde 2005. A questão deve alimentar tensões no Líbano quando os promotores chamarem testemunhas sírias, que sempre negaram envolvimento.