Agência ANSA
HAVANA - O presidente de Cuba, Raúl Castro, pediu nesta quarta-feira uma "ação concertada", com a participação "democrática" de todos os países, para enfrentar os efeitos da crise econômica internacional.
Ao inaugurar um encontro ministerial do Movimento de Países Não-Alinhados, Raúl criticou o que definiu como uma "solução negociada" pelos países do G20, que se reuniu no início do mês em Londres para discutir alternativas diante da turbulência global.
- A superação da crise demanda uma ação concertada, com a participação universal, democrática e equitativa de todos os países - argumentou o presidente cubano, que falou em Havana a delegações de 120 países.
Para ele, "a resposta à crise não pode ser uma solução negociada [feita] pelos mandatários dos países mais poderosos às costas da Organização das Nações Unidas (ONU)".
- A solução do G20 de fortalecer o papel e as funções do Fundo Monetário Internacional (FMI), cujas políticas desastrosas contribuíram decisivamente e agravaram a magnitude da atual crise, não resolve a desigualdade e a injustiça do sistema atual - complementou.
Para Raúl, é "impossível manter os injustos e irracionais padrões de consumo que serviram de fundamento à ordem mundial vigente imposta por poucos, mas que fomos forçados a respeitar".
- O subdesenvolvimento é uma consequência inevitável da atual ordem mundial - ponderou.
O mandatário indicou ainda que a reunião que será promovida pela ONU para discutir os impactos da crise, que deve ocorrer entre os dias 1º e 3 de junho em Nova York, constitui "um marco imprescindível para debater e buscar soluções de consenso para esta grave situação".
EUA
Em outro momento de sua intervenção, Raúl afirmou que Cuba não deve fazer gestos para se reaproximar dos Estados Unidos, já que seu país não mantém nenhum bloqueio ao governo norte-americano.
Sobre as medidas anunciadas recentemente pelo presidente Barack Obama, que suspendeu as restrições a viagens e envios de remessas de cidadãos cubano-americanos, o mandatário as definiu como "positivas", mas reiterou que seu alcance é mínimo.
Ele também reiterou a disposição de Havana para iniciar um diálogo "sobre todos os temas" com Washington, desde que ocorra em "igualdade de condições".
- Não negociaremos nossa soberania, nosso sistema político e social, o direito à autodeterminação e nem nossos assuntos internos - ressaltou Raúl.