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Greenpeace: manifestação que polui e estressa

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João Paulo Aquino, Jornal do Brasil

RIO - A faixa do Greenpeace se direcionava aos líderes mundiais do G-20 e era equivalente a um prédio de 10 andares, tinha a largura de uma piscina olímpica e se esticava sob a Ponte Rio Niterói. Porém, nas pistas, motoristas e passageiros se estressavam e aumentavam ainda mais a emissão de gás carbônico, principal responsável pelo aquecimento global.

A fim de exibir a frase em inglês Líderes mundiais: clima e pessoas primeiro , na tentativa de incluir a questões ambientais na pauta da reunião, centralizada na crise financeira mundial, os manifestantes geraram um caos fluminense: o percurso do acesso até o fim da travessia, que dura, em média, 20 minutos, era feito em uma hora e dez minutos, sentido Rio, e gerava ainda mais prejuízos ao meio ambiente. O congestionamento durou das 7h30 às 11h.

De acordo com cálculos da consultoria Iniciativa Verde, empresa especializada em meio ambiente que mede a produção de CO2 e como compensá-la, o lançamento de gás carbônico motivado pelo congestionamento aumentou na ordem de 20 toneladas. Para anular o prejuízo ambiental, seria necessário o plantio de pelo menos 100 árvores. Para o engenheiro especialista em transportes Fernando Mac Dowell, a emissão de gás carbônico aumenta cinco vezes devido a fluxo intermitente dos veículos.

A pesquisadora da UFRJ Paulina Porto, que trabalha no gerenciamento da qualidade do ar no Instituto Estadual do Ambiente (Inea), concorda:

O anda-e-para do trânsito faz lançar muito mais combustível, toneladas de poluentes no ar, causando um aumento absurdo de emissão. É um contrassenso sem tamanho.

'Avião é pior'

Paulo Adário, coordenador da Campanha do Greenpeace na Amazonia e mentor da ação na ponte, se defende:

Em dezembro, vai haver uma reunião na Dinamarca para discutir o aquecimento global. Mais de 10 mil líderes de países vão até lá de avião. A emissão de um avião é muito superior à de um carro e ninguém fala nada.

Adário lembra que a luta da instituição é para acabar com o desmatamento da Amazônia, responsável por 70% da emissão de CO2. O Brasil ocupa o quarto lugar entre os países que mais emitem.

A manifestação do Greenpeace começou às 7h, horário de rush, no vão central da Ponte Rio Niterói, mas as consequências se estenderam até as 11h. Para esticar a faixa gigante, 15 rapelistas desceram a ponte e, para dar suporte e segurança, seis pessoas interditaram a faixa da direita na pista sentido Rio. Os reflexos do congestionamento atingiram a Avenida Quintino Bocaiúva, em São Francisco, Niterói. Outro ponto de congestionamento foi a Alameda São Boaventura, no Fonseca. Quem saía de São Gonçalo precisou ter paciência na Niterói Manilha. A retenção seguia do Gradim, em São Gonçalo, até a Avenida do Contorno, no Barreto, Niterói.

Entre os ativistas que estavam na ponte e em barcos, o número chegava a 40, todos envolvidos de alguma forma com a manifestação. As 21 pessoas que estavam na ponte foram detidas e levadas para a Polícia Federal em Niterói, mas liberadas por não ter ficha criminal.