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LONDRES - As grandes potências não devem se apressar em impor novas sanções ao Irã num momento em que Teerã tem uma boa chance de normalizar suas relações com Washington, disse nesta terça-feira o chanceler britânico, David Miliband.
Revertendo a política de seu antecessor George W. Bush, o presidente dos EUA, Barack Obama, propôs um reinício das relações do seu país com o Irã, após três décadas de profunda desconfiança mútua, agravada nos últimos anos pelo programa nuclear iraniano.
A Grã-Bretanha, que é uma das seis potências globais que tentam convencer o Irã a abandonar o programa nuclear, apoiou a nova abordagem norte-americana.
Miliband disse ao Parlamento britânico que a oferta dos EUA "representa a melhor chance que o Irã jamais terá de normalizar suas relações com o resto do mundo e acima de tudo normalizar relações com os EUA".
Questionado sobre quanto a Grã-Bretanha deveria aguardar antes de pleitear novas sanções da ONU ou da União Europeia contra o país, Miliband respondeu:
- Agora não é hora de se apressar para mais sanções. Agora é hora de apoiar a abertura norte-americana, que é uma oportunidade única em uma geração, não só para nós, mas para os iranianos.
Os EUA e seus aliados suspeitam que o Irã queira construir armas nucleares, algo que Teerã nega, alegando que seu programa nuclear é pacífico e se destina à geração de energia elétrica. O Conselho de Segurança da ONU já impôs três rodadas de sanções a Teerã.
Miliband alertou que "se os iranianos não responderem de forma positiva, novas medidas podem ser tomadas".
A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, diz repetidamente que os EUA vão impor novas punições ao Irã caso o país mantenha suas atividades. Mas, em 20 de março, Obama divulgou uma mensagem por vídeo ao Irã em que oferecia um "novo começo". O Irã reagiu com discrição à oferta.
Nesta terça-feira, um importante diplomata dos EUA encontrou a delegação iraniana durante uma conferência internacional sobre o Afeganistão em Haia, num sinal de possível aproximação.
Sem entrar em detalhes, Miliband afirmou haver "uma gama de opções sobre a mesa" para que haja cooperação com o Irã a respeito de um programa nuclear civil.
Ele afirmou ainda que Londres por enquanto não se decidiu a enviar mais tropas ao Afeganistão, nem recebeu qualquer apelo dos EUA nesse sentido.
Na semana passada, o comandante do Exército britânico, general Richard Dannatt, disse ao jornal The Times que o contingente do seu país no Afeganistão poderia crescer dos atuais 8.300 para até 12 mil soldados.
Miliband disse que o primeiro-ministro Gordon Brown deve discutir a questão do Afeganistão e do Paquistão com Obama em Londres na quarta-feira.
(Reportagem de Adrian Croft)